Politica

Tosto é afastado definitivamente do conselho do BNDES

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postado em 16/05/2008 12:00
A reunião do Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), reunido nesta quinta-feira (15/05) no Rio de Janeiro, afastou de forma definitiva o advogado Ricardo Tosto, que havia solicitado afastamento temporário do posto de conselheiro. Como o afastamento temporário não existe para Conselhos de Administração, o afastamento terá de ser definitivo, explicou nesta sexta-feira um dos conselheiros da instituição. Tosto foi investigado pela Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, que tem ação penal aberta contra supostos envolvidos em um esquema de desvio de recursos do BNDES, entre eles o advogado. A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie negou nesta quinta-feira pedido de liminar do advogado, por meio da qual buscava a suspensão da ação penal instaurada na 2ª Vara Federal Criminal de São Paulo a partir da Operação Santa Tereza. Telefones grampeados Escuta telefônica feita pela Polícia Federal três dias depois da Operação Santa Tereza mostrou que um dos presos, o advogado Ricardo Tosto, pediu ao deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, que interferisse a seu favor em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O monitoramento do grupo começou em dezembro, quando a PF passou a investigar uma suposta rede de prostituição que funcionava na Boate WE, do empresário Manuel Fernandes de Bastos Filho. No decorrer da apuração, descobriu-se um esquema de desvio de dinheiro público, o que levou a PF a desencadear a Operação Santa Tereza. Entre elas estava Tosto, um advogado de São Paulo, que foi liberado três dias depois. O que ele não sabia é que, mesmo a ação policial tendo sido encerrada, continua com seu telefone grampeado. E um dos primeiros com quem falou foi Paulinho, segundo a PF, que ressaltou em seu relatório: ;Não se trata de assunto relacionado a cliente e advogado;. Tosto pergunta a Paulinho quem poderia estar por trás da operação. O parlamentar responde que tem que descobrir. ;Tem que fazer desagravo (contra sua prisão);, pede o advogado. ;Quanto mais desagravo da sociedade civil é melhor;, acrescenta. Aparentemente, os dois parecem saber que poderiam estar sob monitoramento policial, já que o teor dos diálogos não indica referências aos desvios do BNDES, apenas mostra a vontade de Tosto de se afastar do conselho administrativo do banco, para onde foi indicado pela Força Sindical. Paulinho desaconselha e sugere um afastamento temporário. Ricardo Tosto, no meio da conversa, ocorrida às 13h22 de 27 de abril, comenta as declarações de Lula, dizendo que o presidente falou um absurdo sobre ele. ;Dá para você falar com ele?;, pede o advogado a Paulinho, afirmando acreditar que houve uma confusão. Isso, depois que o parlamentar prometeu que iria interferir na Câmara dos Deputados e pedir explicações ao Ministério da Justiça e ao superintendente da PF. Além dessa gravação, a Polícia Federal havia feito outras em torno de envolvidos, mesmo depois da Operação Santa Tereza. Nos diálogos entre Tosto e Paulinho, o advogado insiste para que o deputado interceda junto à Lula. O parlamentar parecia se esquivar diante da insistência de seu interlocutor. ;Mas dá uma palavrinha com ele de novo%u2026tenta ai%u2026;, implora Tosto. ;Tô trabalhando%u2026;, responde Paulinho. Em seguida, o teor da conversa é diferente, passando ambos a falar sobre a prisão e amenidades. Ontem, a defesa do parlamentar afirmou desconhecer as escutas telefônicas e reclamou que não teve acesso às gravações. Articulações Os grampos feitos pela PF durante as investigações de desvios em financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) revelam conversas que misturam política, fraudes e sindicalismo. Em conversas gravadas durante toda a operação, a PF identificou o empresário Manuel Bastos Filho como um dos líderes do grupo no esquema de desvios de financiamentos do BNDES. E um de seus alvos seria a Prefeitura de Praia Grande, que teve R$ 4 milhões dos recursos recebidos divididos entre seis pessoas. ;João Pedro (de Moura) conversa com Manuel diversos assuntos de grande importância para a investigação em curso e do possível envolvimento do deputado Paulinho na Organização Criminosa;, relataram os policiais. O grampo foi feito em 14 de abril. João Pedro de Moura é ex-assessor de Paulinho e um dos envolvidos na Operação Santa Tereza. Na conversa gravada, diz ter ótimas notícias. ;Manuel interrompe e diz que aquele negócio da Praia Grande entrou na conta (BNDES), mas não repassou para ninguém ainda. João Pedro pede para Manuel monitorar para eles;, diz o relatório da PF, que foi encaminhado ao Ministério Público Federal. Quando aparentemente o negócio estava acertado, o assunto passou a ser política. ;João Pedro diz que quer contar as notícias boas, que o ;nosso chefe lá de Brasília; (possivelmente o deputado federal Paulinho) tem chance de ser vice de Alckmin;, relata um documento de inteligência da Polícia Federal. ;Dois anos depois o Alckmin vira governador, se ganhar, obviamente;, diz Moura, segundo a PF, enquanto Bastos conclui que o deputado viraria prefeito de São Paulo. Clique para ler a íntegra do relatório da Polícia Federal

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