Politica

Lula critica rigor em preservação

Após saída de Marina Silva, presidente defende mais preocupação com moradores do que com a Amazônia

postado em 18/05/2008 08:41
Lima (Peru) ; Quatro dias depois da saída da ex-ministra Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a defesa incondicional da preservação da Amazônia. Segundo ele, existe a necessidade de proporcionar melhores condições de vida à população que vive nas proximidades da floresta. ;Ficam aí falando em preservação. Tudo bem. Mas como ficam as famílias e os moradores dessa região? É preciso preservar, no entanto, é necessário dar as condições básicas de sobrevivência aos moradores;, disse o presidente, ao discursar na cerimônia de assinatura de acordos de cooperação entre Brasil e Peru, ontem, em Lima. Para o presidente, os movimentos em defesa da preservação devem levar em conta que existem pessoas vivendo próximas às florestas e a qualidade de vida delas não pode esperar pelas promessas de recursos feitas pelos países europeus. ;Eles prometem muita ajuda, mas esse dinheiro demora a chegar. Enquanto isso, as pessoas precisam viver;, afirmou. Futuro A semana passada em Brasília foi dominada pelas discussões em torno do futuro da política ambientalista do Executivo devido ao pedido de demissão de Marina Silva. Ela era criticada por setores do governo que consideravam haver excesso de rigor da pasta do Meio Ambiente na concessão de licenças ambientais, necessárias para tocar obras do carro-chefe do segundo mandato de Lula, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Marina retorna ao Senado na próxima terça-feira. A avaliação de políticos no Congresso é a de que o sucessor da ex-ministra, Carlos Minc, terá postura mais flexível, apesar do discurso em contrário feito nos últimos dias. Minc terá um encontro com o presidente Lula amanhã no Palácio do Planalto. Ainda em Lima, ao defender um sistema de preservação que considere a necessidade de proporcionar tecnologia aos brasileiros e peruanos que vivem na floresta, o presidente voltou a criticar a tese de ambientalistas que afirmam haver relação entre a crise dos alimentos e a produção de biocombustíveis. Segundo Lula, o movimento não passa de uma campanha das empresas petrolíferas para evitar o consumo dos combustíveis fósseis. ;Ninguém fala do aumento do petróleo. Ninguém toca no assunto. Entretanto, dizer que a culpa é dos biocombustíveis eles dizem. Mas não pode ser. Afinal, o etanol ainda é um projeto em crescimento;, ressaltou o presidente, numa referência ao silêncio dos europeus sobre o petróleo durante a V Cúpula dos países da América Latina, Caribe e União Européia.

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