postado em 19/05/2008 10:04
A CPI dos Cartões vai ouvir nesta terça-feira (20/05) os depoimentos dos dois assessores acusados de envolvimento no vazamento do dossiê com gastos sigilosos do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) - José Aparecido Nunes Pires, ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil, e André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O foco dos aliados do governo será o tucano Álvaro Dias, já que seu assessor recebeu o e-mail anexado com o dossiê anti-FHC de Aparecido. Já a oposição vai cercar os dois assessores com várias perguntas em busca da contradição nas informações e a possível ligação com autoridades federais.
Na reunião fechada, na qual deputados e senadores analisarão os depoimentos prestados por Aparecido e Fernandes à Polícia Federal, os aliados do governo vão cobrar detalhes sobre o que disse o senador tucano quando prestou esclarecimentos aos policiais federais. A idéia da base aliada é causar constrangimento ao PSDB e conseqüentemente ao DEM mostrando que Dias mentiu no plenário quando disse que não conhecia o dossiê e que existem lacunas no seu depoimento à Polícia Federal.
Se os governistas conseguirem provar que ele mentiu no plenário, já pensam em ingressar com um processo de quebra de decoro parlamentar por faltar à verdade. Em contrapartida, a oposição vai desferir uma série de perguntas a Aparecido de tal maneira que o ex-secretário seja levado a respondê-las e dar indicações sobre eventuais orientações que recebeu para elaboração do dossiê.
DEM e PSDB insistem que, apesar de o assessor ter vazado o dossiê, a responsabilidade por sua montagem é da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e sua secretária-executiva, Erenice Guerra. A oposição admite, porém, que o ex-secretário deve permanecer calado na maior parte do depoimento, mas já preparou uma cartada final: o deputado Vic Pires (DEM-PA) vai apresentar um requerimento sugerindo um convite para que o delegado Sérgio Menezes, responsável pelo inquérito na PF, preste esclarecimentos à CPI.
Uma audiência com Menezes, mesmo que a portas fechadas, é considerada fundamental para a oposição que confia que, assim, certos detalhes não impressos nos depoimentos, mas em fase de investigação podem contribuir para a apuração dos fatos pela CPI.