postado em 19/05/2008 14:07
O PSOL vai ingressar com representação no Conselho de Ética da Câmara contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, caso a Corregedoria da Casa Legislativa arquive as denúncias contra o parlamentar.
A líder do PSOL na Câmara, deputada Luciana Genro (RS), disse à reportagem que há "fortes indícios" de que o deputado quebrou o decoro parlamentar ao participar de esquema de desvio de recursos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Por isso o partido defende investigações no Conselho de Ética.
A deputada disse, porém, que o PSOL vai esperar as conclusões da Corregedoria antes de ingressar com a representação no conselho. "A representação da Corregedoria tem mais força política, por isso vamos aguardar. Se a Corregedoria arquivar ou protelar esse processo, vamos ao Conselho de Ética com representação assinada pela presidente do PSOL, Heloísa Helena [AL]", explicou Genro.
O corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE), disse estar disposto a encaminhar as denúncias ao Conselho de Ética ao receber a defesa apresentada por Paulinho na semana passada. Mas afirmou que vai analisar os argumentos apresentados pelo parlamentar antes de definir se arquivará o caso ou encaminhará as denúncias ao conselho.
Na opinião de Luciana Genro, os indícios de que Paulinho está envolvido em um esquema de irregularidades em empréstimos do BNDES crescem a cada dia. "Queríamos ingressar com uma representação que não fosse fácil para o Conselho de Ética arquivar. Não queríamos ingressar com indícios fracos, mas agora eles são contundentes. Espero que o Conselho de Ética cumpra o seu papel", defendeu a líder.
Denúncias
Além de ser acusado de irregularidades em concessões de empréstimos no BNDES, Paulinho também responde a denúncias que envolvem a ONG Meu Guri, presidida por sua mulher, Elza de Fátima Costa Pereira.
A instituição é acusada de receber R$ 37,5 mil do conselheiro do banco estatal João Pedro Moura, preso pela Polícia Federal e apontado pela Procuradoria da República como o principal responsável pelo esquema de desvio de verbas do BNDES, desmantelado pela PF na Operação Santa Teresa. A ONG recebeu R$ 1,328 milhão do BNDES.
Na defesa encaminhada ao Conselho de Ética, Paulinho reitera que não está envolvido no esquema de desvio de empréstimos, motivo pelo qual sustenta que não deve responder a processo por quebra de decoro parlamentar.
Paulinho disse que a verdade vai aparecer "mais cedo ou mais tarde", uma vez que não teve seu nome diretamente citado pela Polícia Federal nas investigação da Operação Santa Tereza.
O deputado reiterou que é vítima de uma "armação" e disse que vai conseguir mostrar que não tem envolvimento com as irregularidades. Na defesa, ele afirmou ainda que "não se apontou nenhum denotativo de qualquer participação deste deputado" no esquema de desvios do BNDES.