postado em 19/05/2008 20:46
O deputado João Bacelar (PR-BA) vai dar início nesta terça-feira à coleta de assinaturas para a instalação de CPI na Câmara dos Deputados para investigar a empresa francesa Alstom, suspeita de pagar propina para fechar contratos na América do Sul e Ásia, inclusive com o Metrô de São Paulo. O deputado disse que terá o apoio dos colegas para instalar a CPI se o "rolo compressor" favorável à empresa não atuar contra a comissão.
"O problema tomou dimensões internacionais. Eu espero ter apoio suprapartidário para instalar a CPI. O ideal seria pedir uma comissão mista [com deputados e senadores], mas primeiro vou ver como terei a resposta na Câmara", afirmou.
Para que a CPI seja instalada na Câmara, o deputado precisa reunir 171 assinaturas favoráveis à sua criação. Bacelar admite que, esta semana, terá dificuldades para conseguir apoio devido ao feriado de Corpus Christi, que promete esvaziar o Congresso nos próximos dias. O deputado disse que vai lançar uma "ofensiva" na semana que vem em busca de apoio para a CPI.
Bacelar considera "agressiva" a postura da Alstom para fechar contratos no Brasil e outros países - por isso defende que o Congresso também entre nas investigações. O deputado disse acreditar que, na Câmara Federal, a comissão terá mais autonomia para investigar as fraudes, ao contrário da Assembléia Legislativa de São Paulo.
"Em ano eleitoral, eu não queria levar a disputa para São Paulo, mas sim em um processo que atinge todo o Brasil. As investigações podem acabar politizadas no Estado, o ideal é que elas ocorram no Congresso", defendeu. A bancada do PT na Assembléia Legislativa colhe assinaturas para a instalação da CPI da Alstom, mas ainda precisa do apoio de mais nove parlamentares para sair do papel. Os petistas apostam na adesão de integrantes dos partidos que sustentam o governo do Estado, divididos em uma rixa entre partidários do atual governador José Serra (PSDB) e de seu antecessor e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Além do Metrô de São Paulo, o Ministério Público vai investigar negócios da empresa francesa com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Companhia Energética de São Paulo (Cesp), Eletropaulo, Sabesp (a companhia estadual de água e saneamento) e Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP). A Alstom também está sob investigação na França, onde fica sua sede, e na Suíça por suspeitas de ter pago propina para ganhar contratos no Brasil, na Venezuela e em Cingapura. A Alstom é uma das maiores empresas do mundo nas áreas de energia e de transportes - foi ela que criou o trem rápido francês, o TGV.