Politica

Governistas dizem que Fernandes interpretou arquivo como dossiê

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postado em 20/05/2008 13:53
Parlamentares da base aliada do governo tentaram nesta terça-feira (20/05) transferir a responsabilidade pelo dossiê com gastos da gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ao assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), André Fernandes, que presta depoimento à CPI dos Cartões Corporativos. Os governistas sustentam que o assessor "interpretou" que o banco de dados montado pela Casa Civil com informações da gestão FHC era um dossiê com o objetivo de intimidar a oposição. O deputado Carlos Willian (PTC-MG) disse que Fernandes "juntou documentos" enviados por um amigo --o ex-secretário da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires-- para constranger politicamente o governo federal. Com esse objetivo, divulgou a versão de que os dados se tratavam de um dossiê. "Está claro em que fizeram armação onde o opressor tentou se passar por vítima. Juntou documentos, usou seu amigo da presidência da República. Um documento que chega do seu amigo, ao invés de voltar o e-mail [com o dossiê] para o amigo e perguntar o que queria, já começa a disparar para a imprensa e ao seu chefe maior [o senador Álvaro Dias]", disse Willian. Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a versão apresentada à CPI por Fernandes mostra que o assessor parlamentar apenas recebeu informações do banco de dados montado pela Casa Civil. "O senhor montou a tese de haver dossiê para intimidar o governo. Tinha um trabalho sendo feito [o banco de dados], Vossa Excelência fez que a oposição transitasse nessa idéia de dossiê. O tema dossiê surgiu depois de reflexão sua de que isso podia ser uma intimidação", afirmou Teixeira. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) sustentou a tese da existência de um dossiê ao afirmar que, no documento recebido por Fernandes, constava uma coluna com informações das folhas dos processos onde os dados foram retirados. "O banco de dados tem um conjunto de informações genéricas cujo o responsável pela sua montagem não precisa colocar coluna com o número da folha da qual a informação foi pinçada. Banco de dados pressupõe informações genéricas, dossiê pressupõe informações pinçadas. E quem pinça, precisa se recordar de onde pinçou para depois procurá-las", disse. Fernandes sustentou no depoimento à CPI que recebeu um dossiê de Aparecido, justamente porque no documento havia o número da folha de onde os dados foram retirados. "O processo tem o nome do ecônomo responsável pelo gasto e as despesas que separaram. Eles só tinham separado duas ou três despesas de cada processo. Colocaram número de folha, o que não é relevante para um banco de dados. Desobedece qualquer norma técnica", disse o assessor. Filiação No depoimento à CPI, Fernandes admitiu que já foi filiado ao PT durante a gestão de Cristovam Buarque no governo do Distrito Federal. O assessor parlamentar negou, no entanto, que decidiu repassar o dossiê ao senador Dias com o objetivo de constranger o antigo partido. "Me filiei porque seria secretário do governo Cristovam, nunca fui militante. Estou falando de 1997, quando saí do PT. Não tenho frustração nenhuma por não trabalhar no governo Lula", afirmou. Fernandes negou que tenha pedido emprego a Aparecido no governo federal, como foi insinuado por parlamentares da base aliada durante o seu depoimento. "Impossível isso [pleitear para trabalhar no governo Lula]. Eu nunca pedi emprego [ao Aparecido] porque eu já tinha emprego e estava afinado com a oposição."

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