Politica

Três ministros unem forças contra Dilma para sucessão presidencial

Tarso Genro, Patrus Ananias e Luiz Dulci formam grupo para para se contrapor à preferência de Lula pela chefe da Casa Civil como sua possível sucessora. Entre as críticas endereçadas a ela, está o fato de a petista não ter militância partidária

postado em 25/05/2008 09:36
Tarso Genro (E) e Patrus Ananias tentam influenciar o presidente da república e o PTA dimensão palaciana que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu à escolha do candidato governista a sua sucessão fez surgir uma disputa particular entre os petistas mais próximos a ele. Os ministros Tarso Genro (Justiça), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) formaram um grupo para tentar influenciar ao mesmo tempo o PT e o presidente nas decisões sobre as eleições de 2010. É um esforço para contrapor-se à preferência demonstrada por Lula pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como sua possível sucessora.

O Correio revelou a formação desse grupo durante as articulações para composição da nova executiva do PT, em fevereiro. Os ministros, que integraram duas correntes rivais na eleição interna da legenda, o Campo Majoritário e a Mensagem ao Partido, uniram-se na hora de montar a Executiva Nacional. O deputado José Eduardo Cardozo (SP), do grupo de Tarso, foi escolhido para a Secretaria-Geral e compôs com o presidente Ricardo Berzoini.

O acordo foi patrocinado por Dulci, Patrus e pelo assessor especial de Lula, Marco Aurélio Garcia, que participaram da campanha de Berzoini. Com a união, impediram que a secretaria, segundo cargo mais importante da hierarquia petista, fosse arrematado pelo deputado Jilmar Tatto (SP), ligado à ministra do Turismo, Marta Suplicy.

Tarso e seu grupo retribuíram logo depois. Apoiaram Patrus e Dulci no esforço para que a Executiva Nacional vetasse o acordo entre o PT e o PSDB para a disputa da prefeitura de Belo Horizonte. Os dois ministros disputam o comando do partido em Minas com o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, principal articulador da aliança com os tucanos.

Há alguns dias, antes de viajar para férias na Argentina, Tarso Genro deu uma entrevista ao jornal Zero Hora, na qual deixou claro que a articulação entre os ministros mira nas articulações para 2010. Contou que eles estão trabalhando juntos para que a escolha do candidato oficial à sucessão de Lula passe pelo PT. ;Tem de ser um candidato com profundo vínculo partidário e que compreenda que o partido vai ser um sujeito político importante para compor um sistema de alianças que não se dará exclusivamente em torno de uma pessoa, como foi o caso de Lula;. Segundo ele, há um grupo de ;10 ou 12 dirigentes do partido com voz pública, respeitabilidade e relações políticas internas e sólidas; trabalhando para que o candidato tenha esse perfil partidário.

Exclusão
Dilma Rousseff não tem e nunca teve esse perfil partidário. Na entrevista, Tarso reconheceu que ;ela não tem militância no partido, em grupo nenhum. Não é um defeito dela, é um estilo de trabalho. Ela é uma gestora de confiança do presidente;. Mesmo que ele tenha se esforçado para medir as palavras e evitar o confronto direto com a ministra da Casa Civil, ficou claro que ela não é a candidata dele à sucessão de Lula.

O PT vive um momento inédito. Desde que foi criado, o partido sempre teve Lula como candidato a presidente. Pela primeira vez, enfrentará uma campanha sem ele. Não há nenhum candidato óbvio no partido. Isso fez com que surgissem vários nomes, todos com desempenho fraco nas pesquisas. Dilma, Patrus, Marta e Tarso estão na lista, assim como o governador da Bahia, Jaques Wagner.

O quadro mudou quando Lula deixou clara sua preferência por Dilma e passou a dar a ela mais visibilidade que aos outros pretendentes. Ela ganhou o título de ;mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento); e passou a acompanhar Lula em comícios pelo Brasil. A exposição lhe garantiu um pequeno crescimento nas pesquisas, mas já suficiente para ficar um degrau acima dos outros candidatos palacianos.

O discurso de que o candidato tem de surgir do PT, ensaiado pelo grupo de ministros palacianos, é uma reação ao crescimento de Dilma. Se depender apenas de Lula, ela já é a candidata do PT. Os outros ministros querem envolver o partido no processo para ter uma chance de disputar a vaga. Ou ao menos de capitalizar-se, se a escolha for mesmo Dilma.

O problema é que este movimento já provocou reações. Na quinta-feira, o Estado de Minas revelou que Fernando Pimentel busca um acordo com Dilma para unir forças contra o grupo de Patrus, Dulci e Tarso. A disputa de Minas e as articulações para 2010 já estão contaminadas pela briga palaciana.

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