postado em 27/05/2008 14:22
A CPI dos Cartões Corporativos vai encerrar suas atividades na semana que vem sem esclarecer detalhes sobre a montagem do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Numa manobra articulada pelo Palácio do Planalto, a base aliada do governo rejeitou nesta terça-feira todos os requerimentos de convocação de autoridades acusadas de envolvimento no dossiê - o que na prática acelera o fim dos trabalhos da comissão.
O relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), reiterou nesta terça que não vai incluir o tema em seu texto final. O petista considera que o assunto deve ser investigado exclusivamente pela Polícia Federal e atribui à disputa política entre governo e oposição a disposição do DEM e PSDB de investigar o dossiê.
"Não haverá nenhuma referência ao dossiê no relatório. As conclusões cabem à Polícia Federal. À essa altura da CPI, esses requerimentos faziam parte de uma disputa legítima de uma estratégia da oposição, mas que se referem a informações que eram, a meu, ver irrelevantes. Mais uma vez, a oposição deu com os burros n´água", ironizou o relator.
A presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-M), admitiu que ficou "frustrada" com os términos dos trabalhos sem incluir detalhes sobre a montagem do dossiê no texto final. "A CPI não teve todo o trabalho que gostaria. Nós gostaríamos de ter trabalhado mais o dossiê que foi importante que surgiu na CPI. Nessa parte, fico frustrada", afirmou.
A oposição promete apresentar à CPI, nos próximos dias, os sub-relatórios montados pelos deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Índio da Costa (DEM-RJ) com sugestões para mudanças na sistemática dos cartões corporativos no governo federal. Após a apresentação dos sub-relatórios, Sérgio terá o prazo de 24 horas para analisar as sugestões e decidir se vai incluí-las no texto final da CPI.
"Eu vou avaliar o material que será entregue pelos sub-relatores. Poderei incorporá-los ao texto ou não, dependendo do que vão apresentar", disse o relator. Depois da apresentação de Sérgio, o relatório será colocado em votação no plenário da CPI. Os governistas já adiantaram que vão aprová-lo sem restrições, embora a oposição esteja articulada para apresentar um texto em separado à CPI - que será derrubado pela maioria governista.
"Do ponto de vista dos cartões corporativos, tivemos avanços. No dossiê, temos que avançar mais. O que o relator não incluir no texto será encaminhado à Justiça. É inacreditável o relator dizer que não vai incluir nada sobre o dossiê", protestou Índio.