postado em 29/05/2008 15:57
O Ministério Público Federal no Rio confirmou na manhã desta quinta-feira que a denúncia que culminou na operação Segurança Pública S/A da Polícia Federal (PF), realizada nesta quinta, incluiu 16 pessoas, sendo uma o deputado e ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Álvaro Lins (PMDB), e outra o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho (PMDB).
Lins foi denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha armada, corrupção passiva e facilitação de contrabando, mas não teve a prisão decretada porque possui imunidade parlamentar. De acordo com a PF, porém, Lins acabou preso porque, durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão, ele foi preso em flagrante. Não há informações precisas sobre as circunstâncias da prisão de Lins.
Para a PF e o Ministério Público Federal, Lins e Garotinho - denunciado por formação de quadrilha armada - colaboraram na manutenção de um esquema envolvendo sete policiais civis que protegia os contraventores Rogério Andrade e Fernando Ignácio na guerra pelo controle de caça-níqueis no Rio, entre outros crimes.
Esses sete policiais civis tiveram suas prisões decretadas pelo TRF. São eles: Ricardo Hallak, Alcides Campos Sodré Ferreira, Fábio Menezes de Leão, Helio Machado da Conceição, Jorge Luiz Fernandes, Luiz Carlos dos Santos e Mário Franklin Leite Mustrange de Carvalho. Os mandados devem ser cumpridos ainda nesta quinta. No total, a PF deverá cumprir também 16 mandados de busca e apreensão. Sete dos 14 denunciados não tiveram a prisão decretada.
Investigações
De acordo com a PF, o grupo usava delegacias estratégicas, principalmente a de Proteção ao Meio Ambiente, para facilitar o contrabando, ignorar a exploração de máquinas caça-níqueis e praticar corrupção ativa e passiva.
Os investigadores afirmam que Lins "se valeu de familiares e outras pessoas para ocultar a origem do patrimônio obtido criminosamente". Para a PF e o Ministério Público, esse grupo é formado por seis pessoas - o vereador de Barra Mansa (RJ) Francis Bullos, Sissy Toledo de Macedo Bullos Lins, Vanda de Oliveira Bullos, Amaelia Lins dos Santos, Maria Canali Bullus e Luciana Gouveia dos Santos.
Os bens de Lins supostamente adquiridos em nome delas, de maneira ilegal, foram seqüestrados. Quanto a Garotinho, PF e Ministério Público o acusam de ter mantido Lins a frente da Polícia Civil, mesmo ciente do suposto esquema.
Procedimento
O processo corre em sigilo de Justiça. Segundo o Ministério Público, depois de apresentada e acatada a denúncia e decretadas as prisões, os acusados têm prazo de 15 dias para dar uma defesa prévia. Depois, o desembargador relator do caso leva a denúncia para a apreciação do corpo de magistrados do TRF.
Os trabalhos desta quinta, segundo a PF, são desdobramentos das operações Gladiador e Hurricane e da quebra do sigilo fiscal de Lins. Na época da Gladiador, a PF fechou 28 casas de bingo e apreendeu 4.800 máquinas caça-níqueis. Lins não podia ser investigado naquela ocasião porque já havia sido diplomado deputado - com imunidade parlamentar, portanto.
Quando fez campanha para deputado, Lins enfrentou acusações de uso irregular de carros oficiais, armas e agentes do Estado para sua segurança. Houve suspeitas de que ele tivesse prometido contratar "excedentes" aprovados em concurso da Polícia Civil, em troca de votos.