postado em 30/05/2008 12:58
Reunido em Brasília nesta sexta-feira, o diretório nacional do PT estuda a possibilidade de recomendar uma orientação mais amena sobre a aliança do partido com o PSDB em Belo Horizonte (MG). A recomendação já batizada pelos petistas mineiros de "indicação tucana" é interpretada como um acordo que autoriza o apoio informal do PSDB à parceria. Por enquanto é válida a proibição à aliança, definida pela Executiva Nacional do PT.
Mas a discussão ainda divide o PT. Para os contrários à aliança, o argumento é que a parceria com o PSDB em Belo Horizonte prejudica os petistas nas eleições de 2010. A justificativa foi ironizada pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), que ao lado do prefeito de BH, Fernando Pimentel (PT), negociou a aliança em favor da chapa encabeçada por Márcio Lacerda (PSB).
Aécio acusou de estarem "míopes" os que acreditam que há uma associação entre a aliança firmada neste ano e 2010. Nesta sexta-feira, os contrários à aliança devolveram a ironia do governador. "Bobo nessa história não tem ninguém", disse Marcos Sokol, do diretório nacional do PT. "Os partidos têm de ter projetos e não ser um amontoado de oportunistas e um balcão de negócios", disse o deputado estadual Raul Pont (PT-RS).
Segundo Pont, uma parceria entre PT e PSDB seria um "jogo de palavras feito na política" que vai contra ao que os petistas defendem. "Em torno de um projeto não pode haver uma troca de favores e cargos." O ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) também condenou qualquer iniciativa que atenue a orientação de veto à aliança do PT com o PSDB em Belo Horizonte. "Há implicações óbvias nas eleições de 2010. O governador Aécio é candidato a presidente da República pelo PSDB, tudo isso é democrático e legítimo, mas não se pode misturar [com uma decisão do PT]", afirmou.
Mas Dulci admitiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é favorável à negociação entre petistas e tucanos em Belo Horizonte. "Eu conversei com o presidente Lula e disse que pessoalmente não tinha objeção alguma, mas essa é uma decisão partidária." Para o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), que integra o diretório nacional, é favorável ao que chama de "entendimento". "Pode ter um acordo. Apoio não se pode recusar. O Lula recusou o apoio de Ulysses Guimarães em 1989 e perder a eleição", disse.
O pré-candidato a vice-prefeito na chapa de Lacerda em BH, deputado estadual Roberto Carvalho (PT), também defendeu a negociação. "O que nós esperamos é que todos estejam de olhos bem abertos [e voltados] para Belo Horizonte. Acho que há uma sensibilidade para o acordo", afirmou.
O prefeito Fernando Pimentel está em Brasília desde ontem acompanhado por um grupo de aliados em busca de um acordo para garantir a parceria entre o PT e o PSDB em Belo Horizonte.