postado em 02/06/2008 10:04
Integrante da base aliada do governo Lula, o deputado João Bacelar (PR-BA) vai retomar nesta semana a investida para a instalação de uma CPI na Câmara para investigar os contratos firmados pela multinacional francesa Alstom no Brasil.
Motivado pelas novas denúncias de contratos irregulares firmados entre a Eletropaulo e a Alstom, Bacelar prometeu dar início nesta semana à coleta de assinaturas para o requerimento de instalação da CPI. São necessárias 171 subscrições, entre 513 deputados.
O deputado --que, sem citar nomes, diz ter apoio de outros colegas-- enviou ao TCU (Tribunal de Contas da União) pedido de informações sobre os contratos da empresa que estão sob investigação.
Bacelar havia prometido há duas semanas iniciar a coleta de assinaturas, mas recuou depois de ser acusado de agir para prejudicar o PSDB, a pedido do DEM ou do governador da Bahia, Jacques Wagner (PT).
"Eu já estava com o pedido de instalação da CPI pronto quando surgiram essas acusações de que eu agia politicamente. O governador é meu amigo e não tem conhecimento disso. Eu não tenho o objetivo de atingir ninguém", afirmou ele.
Documentos enviados ao governo brasileiro pelo Ministério Público da Suíça indicam que empresas "offshore" teriam sido utilizadas para repassar propinas para autoridades de SP durante os governos dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin, segundo relatou o jornal "O Estado de S.Paulo". Um contrato realizado pela Eletropaulo, entre 1997 e 1998, está sob investigação.
Os tucanos, principais atingidos no caso, dizem não ver elementos para a instalação de uma CPI da Alstom na Casa.
"Não me consta que haja qualquer envolvimento de membros do Congresso nessas denúncias. É matéria que diz respeito ao Estado de São Paulo", disse o líder do PSDB na Casa, José Aníbal (SP).
Deputados petistas defendem a eventual instalação da CPI só depois que novas informações sobre o caso forem encaminhadas ao Congresso.
"Eu fiz ofício ao Ministério da Justiça sobre o assunto [solicitando a documentação]. O ideal é esperar primeiro as informações para sabermos do que se trata", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).