postado em 02/06/2008 20:03
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto será o relator do inquérito contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, acusado de envolvimento no esquema de desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), descoberto pela Polícia Federal na Operação Santa Tereza. Britto decidirá se autoriza ou não eventuais pedidos de diligências no caso. O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, indicou nesta segunda-feira, inclusive, que já pediu a quebra de sigilos bancário e fiscal de outros envolvidos. Oficialmente, porém, o inquérito só aponta Paulinho como investigado.
O deputado, como adiantaram seus advogados, já protocolou na Procuradoria-Geral da União um ofício com a autorização formal para que seus sigilos bancário, fiscal e telefônicos sejam quebrados. Investigadores disseram que essas informações podem não ajudar na apuração. Dizem que Paulinho não depositaria na própria conta o dinheiro que teria recebido do esquema, mas sim na conta de familiares, assessores ou laranjas e, provavelmente, na rede de Organizações Não-Governamentais (ONGs) usadas pelo suposto esquema.
De acordo com a Polícia Federal, Paulinho teria recebido um cheque de R$ 18.397,50, valor que corresponderia ao primeiro desembolso do banco para a Prefeitura de Praia Grande, e uma ordem de pagamento de R$ 82.162,93, referente a empréstimo concedido às Lojas Marisa. A PF identificou ainda que a ONG presidida pela mulher de Paulinho recebeu R$ 1,199 milhão do BNDES em operação não-reembolsável. Esse repasse foi feito quando o lobista João Pedro Moura, amigo de Paulinho, integrava o conselho de administração do Banco.
Se o Ministério Público confirmar as suspeitas de que Paulinho se beneficiou, poderá denunciá-lo ao Supremo e pedir que uma ação penal seja aberta contra o deputado. Para isso, a maioria dos ministros do STF precisa concordar com o pedido.