postado em 03/06/2008 09:10
Cerca de 60% do território de Conceição da Barra (104 mil hectares) está ocupado com plantações de eucaliptos. O Correio perguntou à secretária municipal de Agricultura, Gisani Baldotto, quantos empregos diretos e indiretos essa atividade gera no município. ;Nenhum;, responde a secretária. Ela explica que o corte de eucaliptos, atividade mais trabalhosa, é mecanizada e feita por empresas prestadores de serviços sediadas em São Mateus. O secretário de Finanças, Djalma Cosme, acrescenta: ;O que está errado é essa concentração de terra na mão de poucos. Mas é um erro do passado. Isso tem 30 anos;.
Cosme lembra que ;a riqueza é produzida aqui, mas gira em outros municípios. Isso enfraquece o comércio, a cadeia produtiva não gira. A empresa grande ganha o dinheiro aqui e vai gastar lá na conxinchina;. Mas ele não responsabiliza as empresas de celulose. ;Não é culpa deles. Nós é que não nos preparamos para mexer com eucaliptos;. Duas empresas, Aracruz e Suzano, têm plantações no município. A Suzano tem fábrica de celulose no sul da Bahia. A atividade desses empresas no município gera R$ 10,3 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), mas esse tributo é recolhido pelo governo do estado.
O secretário de Finanças é contrário à reivindicação das comunidades quilombolas. ;Aquilo é uma das coisas mais nojentas que eu conheço. Essas terras não valiam nada. Então, as pessoas começaram a vender para a Aracruz. Sou contra isso. Não tem assentamento para outros? Por que não para eles? Eles não sabem trabalhar a terra, vão derrubando e tocando fogo.;
Odor e renda
A Aracruz Celulose ocupa 40% do território do município de Aracruz, distante 79 quilômetros de Vitória, incluindo as instalações da fábrica de Barra do Riacho, as plantações de eucaliptos, as reservas naturais, as represas e as estradas. Só a área de plantio representa 23,4% do município. A prefeitura considera favorável a presença da papeleira, que gera empregos diretos na fábrica e indiretos nas empresas prestadoras de serviços.
A única queixa é o mau cheiro da fábrica: ;O odor atrapalha sim. De acordo com o Instituto Estadual do Meio Ambiente, a emissão de odores está dentro das normas estabelecidas, mas mesmo assim incomoda;, afirma o secretário municipal do Meio Ambiente, Valber Campores. Ele acrescenta que ;todo o efluente da fábrica é lançado no mar e não nos rios;.
O prefeito, Ademar Devéns, diz que ;a Aracruz não é uma empresa isolada. Há uma rede se serviços em seu entorno, de grande contribuição para o município na geração de tributos, desenvolvimento e empregos. A companhia atua em parceria, o que a torna um exemplo em desenvolvimento;.