postado em 04/06/2008 10:53
O ministro da Justiça, Tarso Genro, teve um agitado retorno de férias. Ele passou as duas últimas semanas na Argentina e no Rio Grande do Sul, administrando uma crise política que gerou antes de viajar. Tarso deu uma entrevista ao jornal Zero Hora, na qual anunciou a formação de um novo núcleo dirigente no PT, que além dele incluía o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o assessor especial do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia. Na mesma entrevista, defendeu que a escolha do candidato à sucessão presidencial em 2010 passe pelo comando petista e disse que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não tem militância partidária. Ontem, antes mesmo de reassumir o gabinete e voltar a usar gravata, ele se esforçou para apagar o incêndio causado por suas declarações.O problema foi que a entrevista foi interpretada como se Tarso estivesse anunciando que o grupo de ministros trabalhava contra a candidatura de Dilma, até aqui o nome preferido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso estremeceu as relações dentro do Palácio do Planalto e na cúpula do governo. O ministro da Justiça esforçou-se ontem para retirar qualquer suspeita de conspiração contra a chefe da Casa Civil. ;As posições que assumi são pessoais e não envolvem Dulci, Marco Aurélio ou Patrus;, diz o ministro da Justiça. Para ele, houve uma confusão de papéis. ;Eu não soube precisar a distinção sobre a formação de um novo grupo dirigente, que envolve pessoas de várias origens dentro do partido e isso foi confundido com articulações entre ministros.;
Lula
Tarso diz que a escolha do candidato governista será presidida por Lula. ;O presidente será o grande eleitor do Brasil. Nós todos que estamos no governo vamos seguir a orientação dele. Eu farei isso mesmo se não for a minha posição.; Mas argumenta que ;isso não significa que os dirigentes partidários não devam ter opinião. Podemos e devemos ter opinião;.
Segundo o ministro, o fato de Lula não poder disputar as eleições de 2010 fortalece a importância do PT. ;A relação do partido com o governo, que hoje se baseia na figura de Lula, terá de ser reconstruída sobre novas bases.;
;Não há uma candidatura;
Na entrevista ao Correio, Tarso Genro esforçou-se para não parecer um adversário da ministra da Casa Civil. Elogiou Dilma Rousseff e disse estar disposto a apoiá-la se ela for a candidata à sucessão de Lula. Mas o ministro da Justiça deixou claro que não considera resolvida a questão da candidatura governista. ;Não há porque dizer que não existem outras possibilidades além da ministra Dilma;, diz.
Ao mesmo tempo em que promete seguir as orientações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Tarso diz que não há nenhuma indicação de que ele já tenha optado por Dilma. ;Até hoje, não há nenhuma manifestação do presidente em relação a isso. As pessoas dão como certo que há uma candidatura em movimento. Não há. O que existe é uma pessoa que se destaca (Dilma), tem o acolhimento de todos nós e é uma das possibilidades. No momento adequado, o presidente vai nos dar uma orientação. Nós vamos seguir, mas isso não significa que não podemos opinar sobre o processo.;
Articulações
O ministro nega que tente ;blindar; o PT contra a pré-candidatura de Dilma Rousseff. Argumenta, no entanto, que o partido precisa participar das articulações. ;A candidatura Dilma sequer foi colocada de maneira formal dentro do partido ou dentro do governo.;
Embora freqüente as listas de presidenciáveis petistas, Tarso descarta. ;Não me considero uma possibilidade como candidato;, diz. Ele avalia que comprou brigas internas demais ao liderar a formação da corrente Mensagem ao Partido, que disputou a direção petista.