postado em 04/06/2008 19:14
Em seu primeiro discurso no plenário do Senado desde que deixou o Ministério do Meio Ambiente, a senadora Marina Silva (PT-AC) criticou nesta quarta-feira o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), pelas críticas às medidas de combate ao desmatamento do governo federal. Marina disse que o "erro é combater o que está funcionando" ao afirmar que a agenda de ações contra o desmatamento foi a que registrou "maiores avanços" enquanto esteve no cargo.
"O erro, sobre o que inclusive vou pedir licença para falar, de forma sempre respeitosa como sempre tratei o governador Blairo Maggi, é combater o que está funcionando, combater o combate ao ilegal. O acerto é apoiar as duas coisas: as práticas sustentáveis, lançadas no dia 08 com o plano Amazônia Sustentável. Espero que possam ser ampliadas e efetivadas", afirmou.
Marina disse que o governador não deveria ter "questionado as medidas", mas sim trabalhar conjuntamente com o governo federal em prol do meio ambiente. "Foi isso o que eu disse para ele, porque levamos o desmatamento em Mato Grosso para uma queda de 72%. Esse é um efeito inédito de governança ambiental. Que melhor sinal poderíamos dar aos brasileiros e para aqueles que, por interesse legítimo ou por questão não tarifária, tentam desconstituir o nosso grande potencial agrícola?", questionou.
Além de trocar farpas com Marina sobre os altos índices de desmatamento de Mato Grosso, Maggi também se desentendeu com o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) depois de rebater as críticas sobre o seu apoio à produção agrícola sem preservação ambiental. O governador, que é um dos maiores produtores de soja do país, chegou a afirmar que "não se faz agricultura sem retirar a floresta" --o que irritou ambientalistas e o próprio ministro.
Demissão
No discurso, Marina reiterou que decidiu deixar o governo federal ao perceber que havia encerrado o seu "ciclo" de contribuição na área ambiental. A ex-ministra admitiu que enfrentou uma situação "adversa", mas necessária para "reconstituir a base de sustentação política" do governo para o projeto de desenvolvimento sustentável do país.
"Meu gesto foi um gesto de constituição para que não se tivesse nenhum tipo de retrocesso em relação às importantes conquistas que tivemos." Marina disse que, ao perceber que o "acolhimento" no governo não lhe dava condições de operar uma agenda ambiental "complexa", entregou a carta de demissão.
"Eu sempre tive uma compreensão de que a causa é maior do que o cargo, e que o cargo deve estar a serviço da causa, inclusive para ser disponibilizado, se a sua disponibilização leva a um fortalecimento da causa." A ex-ministra foi acolhida por parlamentares do governo e da oposição e prometeu, na base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ter a agenda ambiental como prioridade no seu mandato.