Politica

Lula chama de falso moralismo restrições para liberação de verbas em ano eleitoral

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postado em 06/06/2008 14:41
Em discurso no Palácio do Planalto para o lançamento de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira os limites impostos pela lei eleitoral que não permitem a liberação de verbas para obras no segundo semestre em ano de eleições. Lula chamou as restrições de "falso moralismo" e "hipocrisia brasileira" ao afirmar que vai perder quase um ano de seu mandato sem poder firmar contratos para novas obras do PAC. "No começo de julho não poderemos mais assinar contratos porque a eleição nesse país, ao invés de consagrar a democracia, faz quem governa ficar um ano sem governar apesar de ter quatro anos de mandato. Pelo falso moralismo desse país se parte do pressuposto que um presidente ou governador assinar contrato com o prefeito é beneficiar o prefeito. É o lado podre da hipocrisia brasileira, em que você para um determinado tempo porque causa suspeição", criticou. Lula disse que as "amarras" da lei eleitoral não se justificam com o argumento de que o governo vai privilegiar governadores e prefeitos de sua base aliada. "Eu já vi manchete de jornais dizendo que o governo privilegia os aliados. Para dar uma resposta na semana seguinte, fui a São Paulo assinar o PAC com o Kassab, que não é meu aliado, e com o Serra, que não é meu aliado. E olha que o PAC em São Paulo sozinho tem mais dinheiro do que todos vocês juntos", ironizou. Segundo Lula, apesar do prefeito Gilberto Kassab ser do "PFL" (DEM), "o povo de São Paulo é brasileiro antes de tudo e merece que a gente cuide deles". O presidente prometeu liberar, até o final de junho, cerca de R$ 1,5 bilhão para obras do PAC que estão em posse da Caixa Econômica Federal --uma vez que no segundo semestre estará impedido pela lei eleitoral. "Vamos usar a data limite. Não queremos deixar nenhum centavo do PAC na gaveta. Isso é um alerta para prefeitos e governadores que têm que preparar as coisas até o final deste mês." Ao comparar o PAC com uma "roda gigante que não pode parar", Lula disse que a engrenagem do programa deve girar ainda mais acelerada daqui para frente. "Essa roda gigante precisa ganhar velocidade ao invés de parar. Ninguém está pedindo para diminuir a velocidade, ela vai continuar rodando forte. Mesmo com a dureza da ministra Dilma [Rousseff] e do Paulo Bernardo [Planejamento], sempre tem um dinheirinho a mais para uma nova obra do PAC", disse. Com a presença de governadores e prefeitos da oposição na cerimônia de lançamento das obras do PAC, Lula disse que o mais "genial" do programa foi reunir parlamentares de todos os partidos na execução de suas obras. "Eu duvido que algum prefeito, de qualquer partido, tenha sido preterido no seu projeto por conta de pertencer a organização política diferente da minha. Duvido", afirmou sob aplausos dos presentes na cerimônia. Assim como Lula, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), disse que o PAC é um programa "suprapartidário que permite que este torcedor do Santos faça festa para um corintiano". "O PAC permite que estejamos juntos independente da filiação partidária. Quando estamos juntos, o povo ganha. Quando nos separamos, o povo perde. Hoje, a vitória aqui é da população brasileira", disse Arruda.

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