postado em 07/06/2008 08:18
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, é o novo velho alvo da oposição no Congresso. Envolvida nas denúncias de suposto tráfico de influência na venda da Varig, PSDB e DEM se armam para fazer com que ela retorne ao Senado como acusada. Mas antes é preciso desenhar os passos que o governo deu para favorecer a compra da companhia aérea por parte de um fundo norte-americano de investimentos.
Na avaliação da oposição, duas pessoas podem traçar essa rota: a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu e o advogado Roberto Teixeira, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A investigação será tocada pela Comissão de Infra-Estrutura, sempre tendo como alvo a chefe da Casa Civil.
A primeira a ser ouvida será Denise Abreu. A ex-diretora da Anac acusou Dilma e a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, de empurrarem a venda da Varig para o grupo Matlin Patterson. Velho conhecido de CPIs, Teixeira foi contratado pelos sócios brasileiros do fundo norte-americano para negociar a compra. A oposição quer usar o advogado como argumento para sustentar a tese de que, como tinha livre trânsito no Palácio do Planalto, é provável que ele falasse em nome de Dilma nas tratativas.
Com o cenário desenhado da participação do governo na venda da Varig, a mira cairá sobre a Casa Civil. ;O depoimento da ministra Dilma vai ocorrer no momento certo;, disse o senador Demostenes Torres (DEM-GO). A volta da chefe da Casa Civil ao Senado já tem até um gatilho pronto para ser acionado: uma convocação aprovada pela Comissão de Infra-Estrutura em fevereiro de 2007 para discutir a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
O governo quer driblar essa convocação e marcar uma audiência limitada ao assunto energia com a participação dos ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Carlos Minc (Meio Ambiente) e o presidente da Eletrobrás, José Muniz Lopes. No último depoimento de Dilma no Senado, a oposição utilizou uma convocação sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para forçá-la a falar sobre o dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.