Politica

Donos de funerárias denunciam propina à polícia e à CPI dos Cemitérios

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postado em 08/06/2008 08:32
Depoimentos prestados por donos de funerárias à polícia e à CPI dos Cemitérios denunciam um esquema de extorsão e tráfico de influência no processo de regularização do setor no Distrito Federal. Seis empresários ligados à direção do sindicato que representa a categoria contaram ao longo das duas últimas semanas histórias semelhantes sobre o suposto pedido de propina exigido para manter a atividade em funcionamento. Pressionados pelas apurações da comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Câmara Legislativa, representantes das empresas resolveram abrir o jogo. Dois deles confirmam que pagaram para ter acesso a um documento de autorização do negócio. O papel ao qual os depoentes se referem, e a que o Correio teve acesso, é um ofício assinado por Ruither Jacques Sanfilippo, chefe da Unidade de Administração Geral da Secretaria de Desenvolvimento Social. O funcionário de carreira da Câmara Legislativa, cedido para o governo, é o segundo na hierarquia da pasta. O documento é endereçado às administrações regionais e representa o sindicato das funerárias por meio de uma voz oficial. Ele foi expedido momentos antes da abertura de licitação que selecionaria as empresas com permissão para atuar no ramo. Antecedeu ainda a concessão do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), emitido pela secretaria para regulamentar a atividade. Até agora, todos os donos de funerárias procurados pela CPI afirmaram que houve pedido de propina para ter acesso ao documento e a informações privilegiadas sobre o edital de licitação. Dois dos empresários disseram ter pago a quantia de R$ 3 mil pelo ofício assinado por Ruither. Os outros confirmaram a extorsão, mas disseram ter se recusado a entregar o dinheiro. As conversas para acertar o pagamento teriam ocorrido, segundo os empresários, em reuniões da diretoria do sindicato. Os encontros eram coordenados pelo presidente da entidade até março deste ano, Fernando Viana de Souza, e por uma pessoa da confiança dele, conhecida como J. Júnior. Inicialmente, o convidado se identificava como advogado e delegado de polícia contratado por Viana para defender os interesses do sindicato. A primeira pessoa a falar em propina foi Isnair Moraes Simões Rosa, em depoimento à Polícia Civil, em 28 de maio. Ele era dono da funerária Alvorada e é acusado de ser um dos responsáveis pelo carregamento de caixões já utilizados e flagrados em uma marcenaria de Santa Maria. A polícia e a CPI dos Cemitérios trabalham com a tese de que as urnas seriam recicladas e revendidas. O empresário citou nominalmente pessoas do ramo que ;pagaram propina; ou ;sabiam que tinham de pagar para obter as informações privilegiadas;. A partir do relato de Isnair, que resolveu contar o que sabia por se sentir prejudicado, a CPI procurou os demais donos de funerárias. Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense

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