postado em 11/06/2008 12:39
A ex-diretora da Anac Denise Abreu reafirmou aos senadores nesta quarta-feira (11/06) que sofreu pressão para agilizar em 2006 a venda da Variglog para a empresa Volo do Brasil, que tinha um fundo norte-americano como sócio.
Em pouco mais de uma hora, Denise disse que foi chamada de "lobista" da TAM pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em reunião em abril daquele ano. A ex-diretora da Anac afirmou ainda que foi criticada pela ministra por exigir documentação da Volo comprovando a entrada de capital estrangeiro, já que, segundo a legislação brasileira, a participação de fora se restringe a 20%. "Falaram que eu estava extrapolando", disse Denise.
Segundo ela, a Casa Civil disse que a Anac não deveria pedir o Imposto de Renda dos donos da Volo. A ministra Dilma teria dito na ocasião que nem sempre é possível saber a capacidade financeira de uma empresa pelo IR. E mais: Dilma teria afirmado que poderia haver um "contrato de gaveta" entre os sócios brasileiros e estrangeiros, algo que a Anac não poderia ter acesso.
Denise Abreu afirmou que, dois meses depois, a Anac acabou aprovando a venda da Variglog por US$ 24 milhões. Em dezembro de 2006, a concessão foi autorizada. Três meses depois, destacou Denise, a empresa foi repassada para a Gol por um preço bem maior: US$ 350 milhões. Ela ressaltou a participação do advogado Roberto Teixeira, amigo do presidente Lula, nas negociações. "Não cabe à Anac saber por que alguém pagou algo por um preço bem maior do que tinha sido vendido anterioramente", afirmou.
Denise chegou ao Senado com uma mala cheia de documentos. Ela promete entregá-los. A estratégia do governo será rebater tecnicamente as alegações da ex-diretora da Anac e cobrar provas do suposto tráfico de influência cometido por Dilma.