Politica

Crematório de Vaparaíso não controla doações

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postado em 14/06/2008 09:49
O crematório de Valparaíso de Goiás não tem controle sobre os termos de responsabilidade referentes às doações de urnas indicadas pelas famílias que optam por esse serviço. A confirmação foi feita pelo proprietário do crematório de Valparaíso de Goiás, Francisco Moacir Pinto Filho. Ele também é o dono da concessão que administra os seis cemitérios no Distrito Federal. Parentes de pessoas mortas entre janeiro de 2007 e maio de 2008 ouvidas pela reportagem disseram ter preenchido o campo referente ao nome da instituição para onde deveriam ser encaminhados os caixões. Mas em, pelo menos quatro casos apurados como revelou o Correio na edição da última quinta-feira, essas especificações estão em branco, o que pode indicar uma fraude. ;Qualquer pessoa ou qualquer funerária pode ter acesso a esse termo. Se houve rasura de algum documento, isso pode ter ocorrido dentro de uma funerária, por exemplo;, disse Francisco Moacir. O empresário detalhou que os termos de reponsabilidade assinados pelas famílias estão disponibilizados na internet. O documento pode, inclusive, ser impresso ainda dentro da funerária e posteriormente levado ao crematório. ;Tenho convicção de que não fraudamos nada, mas não posso garantir a lisura nas outras etapas do processo;, disse o dono do crematório. O empresário prestou depoimento na quinta-feira (12) à CPI dos Ossos no plenário da Câmara Legislativa. Ele é acusado de descumprir os termos previstos no contrato de concessão dos cemitérios do DF. E também investigado no âmbito da comissão parlamentar de inquérito por supostamente dar destino incerto aos caixões que não são incinerados com os corpos no crematório de Valparaíso. Há indícios de um conluio com funerárias para que as urnas doadas sejam revendidas depois de alguns reparos. Entre as evidências levantadas está a intermediação suspeita de funerárias no processo de doação dos caixões do crematório. Dez notas fiscais apresentadas pela direção do Lar dos Velhinhos ; como demonstrou reportagem publicada em 4 de junho ; revelam que a empresa especializada em funerais Deus é Amor comprou os caixões doados à instituição por valores entre R$ 50 a R$ 150. Outra conexão possível e que está sendo apurada é a de que os 32 caixões encontrados em uma marcenaria de Santa Maria à espera de reforma tenham de alguma forma passado pelo crematório de Valparaíso. Uma das especificações no termo de doação dos caixões é que passados 30 dias após a data da doação, o crematório está autorizado a incinerar as urnas. ;O que tem de urna que a gente incinera não é brincadeira;, afirmou Moacir.

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