Politica

CPI dos Ossos encontra irregularidades no cemitério do Gama

;

postado em 14/06/2008 17:04
A CPI dos Ossos encontrou, neste sábado (14/06), uma manilha enterrada cheia de ossadas no cemitério do Gama. O segundo dia da diligência no cemitério foi para apurar uma denúncia de exumação de corpos e transferência de ossadas sem identificação. Um ex-gerente do cemitério, cujo nome tem sido mantido sob sigilo, foi o autor da denúncia que levou a CPI até o local. O informante contou que a administração do cemitério enterrou nesta área comum, onde não estariam previstos túmulos, mais de 100 ossadas de corpos transferidos da área social. A intenção seria desocupar parte do cemitério para venda de novos túmulos. As ossadas encontradas foram levadas para o Instituto Médico Legal (IML) onde serão analisadas. A CPI também recebeu uma denúncia de que o mesmo tipo de ação ocorre nos outros cinco cemitérios do DF. Confusão A inspeção no cemitério do Gama começou na sexta-feira, mas acabou em confusão. De manhã, o agente da Polícia Civil Cristiomário Medeiros, que é assessor do presidente da comissão, deputado Rogério Ulysses (PSB), comandou a ação. Medeiros encontrou no local pedaços de um caixão, recortes de roupas e cabelos, evidências de que realmente havia restos mortais no local. Mas a inspeção teve que parar e durante todo o dia, houve um impasse sobre a legalidade da averigüação. Paulo Castelo Branco, advogado da empresa Campo da Esperança Ltda, que administra os seis cemitérios do Distrito Federal, chegou quando um trator da administração regional do Gama fazia uma escavação na área sob suspeita. Ele considerou a ação uma arbitrariedade e fez uma queixa na 20ª Delegacia de Polícia contra o assessor de Rogério Ulysses. ;Ele não poderia cavar uma área do cemitério sem autorização judicial ou da CPI;, sustentou o advogado. O advogado e o assessor foram parar na delegacia, mas Rogério Ulysses apoiou a ação. Ele disse que, como presidente da CPI, autorizou sua assessoria a investigar denúncias de má gestão dos cemitérios, para respaldar os trabalhos dos deputados que acompanham a comissão. À primeira vista, houve indícios de que no buraco cavado realmente havia restos humanos. O que determinou que na manhã deste sábado assessores de Rogério Ulysses, acompanhados de uma equipe de peritos da Polícia Civil do Distrito Federal, concluíssem a diligência. Informante deve depor O autor da denúncia de irregularidades no cemitério do Gama deve depor na próxima semana na CPI dos Ossos na Câmara Legislativa. O nome dele tem sido mantido sob sigilo, por precaução, mas o informante tem ajudado nas investigações. A intenção do presidente da CPI, Rogério Ulysses (PSB), é aprovar na próxima segunda-feira (16/06) um requerimento de convocação, em sessão extraordinária, para ouvi-lo em seguida. Para aprovar a convocação, a CPI precisa de três votos. O deputado José Antonio Reguffe (PDT) é favorável. ;Vamos ouvi-lo o quanto antes;, defendeu o pedetista. O autor da denúncia sustenta que existe uma área clandestina dentro do cemitério, onde são enterrados restos mortais. O advogado da Campo da Esperança, Paulo Castelo Branco, afirma que não há provas de que tais irregularidades, se comprovadas, sejam de responsabilidade da atual administração que assumiu a gestão em 2003. Provas de má gestão O presidente da CPI dos Ossos, Rogério Ulysses (PSB), defendeu na sexta a rescisão do contrato de concessão pública da administração dos seis cemitérios do Distrito Federal. O deputado avalia que já há provas suficientes de má gestão por parte da empresa Campo da Esperança Ltda que respaldariam o fim do vínculo mantido com o governo do Distrito Federal. ;Está claro que o melhor caminho é acabar com essa concessão, o que pode inclusive ser concluído pelo governo, no procedimento administrativo aberto pela Corregedoria-geral do DF;, afirma o distrital. Rogério Ulysses avalia que já há elementos suficientes para a elaboração de um relatório forte da CPI sobre a concessão dos cemitérios. ;Não acho que precisaremos usar todo o tempo que dispomos. Temos de sentar e analisar o que já temos e preparar o relatório;, disse. O prazo para a investigação encerra em outubro. Até agora, já foram constatadas irregularidades, como a má condição de conservação, nos cemitérios de Brasília, de Taguatinga e Sobradinho.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação