postado em 16/06/2008 18:05
O vice-prefeito José Eduardo Araújo (PR) assumiu na tarde desta segunda-feira a Prefeitura de Juiz de Fora (MG) com a promessa de promover um "choque de moralidade" na administração municipal. Araújo entra no lugar de Carlos Alberto Bejani (PTB), que renunciou ao cargo hoje pela manhã após ser acusado de participar de um esquema de desvio de dinheiro público.
Bejani está preso desde o último dia 12, quando foi deflagrada a operação De volta para Pasargada pela Polícia Federal. A operação foi um desdobramento da operação Pasargada 1, deflagrada em abril e que também resultou na prisão do ex-prefeito.
Com pouco mais de seis meses de gestão, Araújo pretende administrar com "transparência" para mostrar "tudo" o que está acontecendo na prefeitura. Ele quer analisar todos os contratos e convênios em andamento para ver se há alguma irregularidade. "Já disse que pretendo fazer um choque de austeridade e de moralidade. Juiz de Fora é uma cidade de vanguarda. Isso não quer dizer que um ato isolado vá macular toda a cidade", afirmou Araújo.
O prefeito também já solicitou um levantamento na Secretaria Finanças para saber como está a situação financeira do município. Suspender pagamentos a fornecedores não está nos planos, mas Araújo ressaltou que os 16 mil servidores terão prioridade. "Qualquer decisão de dinheiro, a prioridade são os funcionários", disse.
Advogado por profissão, Araújo não ocupava nenhum cargo na administração de Bejani e disse que "acompanhava o movimento" do governo à distância, apesar de ir todos os dias à prefeitura. Sobre o relacionamento com Bejani, o prefeito disse que até há um ano e meio "ia tudo bem". "Mas depois comecei a ver certas coisas e me afastei", afirmou, sem revelar o que teria visto. Araújo já responde como prefeito desde o início da tarde desta segunda-feira, mas vai formalizar sua posse às 17h durante um ato na Câmara Municipal de Juiz de Fora.
Renúncia
Em carta protocolada na Câmara Municipal nesta segunda pela manhã, Bejani pede a renúncia para ter mais tempo para se defender. A CPI deve apresentar ainda hoje o relatório final das investigações, que aponta a participação do ex-prefeito no esquema.
Na primeira etapa da operação Pasargada foram presos 16 prefeitos de cidades de Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal por suspeitas de desvio ilegal de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que é repassado pela União. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em R$ 200 milhões, em três anos.
De acordo com a Polícia Federal, o objetivo da segunda operação foi comprovar a origem do dinheiro apreendido na casa de Bejani. A PF suspeita que a origem do dinheiro seja ilícita. Na primeira etapa da operação Pasargada, a PF apreendeu R$ 1,1 milhão em dinheiro na casa e no sítio do prefeito petebista, além de cinco armas, sendo uma de uso exclusivo das forças federais. Na segunda etapa da operação Pasargada, deflagrada no dia 12 de junho, a PF apreendeu oito veículos, além de R$ 230 mil em dinheiro.