Politica

Advogado diz que empresário apresentará documentos contra compadre do presidente

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postado em 17/06/2008 10:55

O advogado Marcelo Panella, que representa os três sócios brasileiros na compra da VarigLog, afirmou ontem que o empresário Marco Antonio Audi apresentará amanhã documentos que comprovam o pagamento de R$ 5 milhões de honorários ao advogado Roberto Teixeira durante o período em que ele atuou para a Volo do Brasil. ;Vamos mostrar como foi a relação dele desde a contratação pela Volo em 2006 até janeiro de 2008, quando passou a advogar para o fundo Matlin Patterson;, afirmou Panella. Teixeira, compadre do presidente Lula, nega ter recebido esse valor da sociedade formada pelos brasileiros e pelo fundo de investimentos norte-americano.

Audi e os sócios Luiz Eduardo Gallo e Marcos Mitchel foram convidados para irem amanhã na Comissão de Infra-Estrutura do Senado falar sobre a venda da VarigLog ; empresa responsável pelo transporte de cargas ; para a Volo do Brasil. O advogado do trio brasileiro disse que o depoimento de Audi, visto pelo Palácio do Planalto com temor, não trará informações sobre a suposta interferência da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do presidente Lula na transação comercial. ;A questão dele é com o fundo e com o Roberto Teixeira;, disse. Marcelo Panella não quis falar sobre o teor do que Audi dirá sobre o ex-advogado da Volo do Brasil.

No início do ano, o compadre de Lula, que também confirmou ontem sua ida ao Senado, deixou de representar a Volo do Brasil para atuar exclusivamente para o fundo de investimentos. Em dezembro passado, os três sócios ajuizaram para dissolver a sociedade feita com o Matlin Patterson, representado no país pelo chinês Lap Chan. Entretanto, o juiz José Paulo Magano, da 17; Vara Cível de São Paulo, decidiu afastar os brasileiros da sociedade em abril passado. Magano considerou-os laranjas, o que na prática deu controle total da sociedade para estrangeiros. Isso contraria o Código Brasileiro Aeronáutico (CBAr), que prevê apenas 20% do capital votante nas mãos de estrangeiros.

Justiça
Marcelo Panella declarou que Audi, Gallo e Mitchel vão mostrar que têm, sim, capacidade para se manterem à frente do negócio. Na quarta-feira, é possível que desembargadores da Tribunal do Justiça paulista julguem recurso dos sócios brasileiros para voltarem a ter o controle acionário. A Agência Nacional de Aviação deu prazo até 7 de julho para que o fundo de investimentos encontre sócios brasileiros, sob pena de dissolução da sociedade. ;É uma ironia do destino. A sobrevivência da Varig está nas mãos dos três;, disse Panella.

O advogado destacou ainda que a validade dos contratos de gaveta ; que repassaram a parte acionária do trio para o fundo de investimentos ; foram anulados por decisão judicial, também do TJ paulista. ;As cláusulas foram suspensas por uma outra ação;, afirma. ;O fundo Matlin Patterson que estrangulou os sócios brasileiros e é que deveria sair da sociedade;, argumenta. Marcelo Panella considera apenas o depoimento de Audi será suficiente para esclarecer a transação comercial. ;Os outros dois (Luiz Gallo e Marcos Mitchel) não tiveram atuação decisiva no processo;, avalia.

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