postado em 27/06/2008 08:31
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aposta todas as fichas na rejeição da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR)contra o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para trazê-lo de volta à pasta, cargo que ocupou com brilhantismo, segundo avaliação de Lula. Palocci é acusado de quebrar o sigilo funcional do caseiro Francenildo Costa, fato ocorrido em 2006, episódio que o derrubou do Ministério da Fazenda. Eleito deputado federal, o ex-ministro é o único dos ex-auxiliares que continua sendo interlocutor de Lula.A volta de Palocci à Fazenda é dada como certa se o caso do caseiro for ;zerado;. A alta da inflação assustou o presidente Lula, apesar dos discursos otimistas, e enfraqueceu o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, que não conseguiu domá-la. A responsabilidade de controlar a inflação acabou a cargo do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o que não agrada ao presidente da República por causa da alta dos juros. Lula teme cair numa armadilha: a inflação desgasta o governo entre a população de baixa renda; o remédio ; elevar os juros ; acaba tendo o mesmo efeito colateral.
Presidente da comissão especial que examina a reforma tributária na Câmara, Palocci está reconstruindo sua imagem. Evita excesso de exposição na mídia e confrontos políticos, mas atua com desenvoltura nos bastidores. É o principal interlocutor da Câmara na equipe econômica e no mundo empresarial. Foi responsável pela reaproximação do presidente Lula com a ex-ministra do Turismo Marta Suplicy, sendo atribuída aos apelos do ex-ministro a interferência direta de Lula na aliança do PT com o bloquinho (PSB, PDT e PCdoB) em São Paulo.
Ministério
O resgate de Palocci , porém, não depende só de torcida. Fracassaram, por exemplo, as gestões para que o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, suspendesse o processo contra Palocci. O ex-ministro da Fazenda é acusado de ordenar diretamente ao então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, que violasse o sigilo bancário do caseiro, depois que Francenildo confirmou publicamente as visitas de Palocci a uma casa alugada em Brasília onde seus assessores Rogério Buratti e Vladimir Poleto se reuniam com lobistas.
A denúncia contra Palocci será relatada pelo ministro Gilmar Mendes, que a colocou na pauta antes de assumir o cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal. A defesa de Palocci, a cargo do advogado José Roberto Batochio, está muito ativa e conta com o reforço do ex-deputado Luiz Carlos Sigmaringa Seixas, muito respeitado por alguns ministros do STF. O fato que pode favorecer o ex-ministro da Fazenda é um depoimento de Buratti, ex-secretário de Governo na primeira gestão de Palocci como prefeito de Ribeirão Preto (1993-1994), que retirou em cartório as acusações feitas em agosto de 2005 contra o ex-ministro, inclusive as de que Palocci recebia propina mensal de R$ 50 mil da empreiteira Leão Leão. Ocorre que o relatório do delegado federal Rodrigo Carneiro contra Palocci no caso do caseiro é considerado muito consistente.