postado em 01/07/2008 08:29
O sucesso da família Scarassati nas licitações vai além das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Os tentáculos no Senado são antigos e visíveis. Em 31 de março de 2005, a advogada Maria Regina Scarassati foi nomeada para trabalhar como assessora na Mesa Diretora do Senado, presidida por Renan Calheiros (PMDB-AL). Permaneceu no cargo até 12 de agosto daquele ano. Nesse período, a Construssati Serviços e Construções Ltda. recebeu R$ 116.513,95 para reformar o sistema de proteção a incêndio dos apartamentos dos senadores.
Na quinta-feira passada, o Correio revelou que Maria Regina é uma das proprietárias da Construssati. Ela tem, desde a sua criação em 2003, 1% do capital social e seu filho, o estudante de direito André Scarassati, 26 anos, é dono dos outros 99%.
De fevereiro de 2005 até abril deste ano, a construtora recebeu R$ 1.642.354,79 do Senado para reformar apartamentos na quadra 309, o Comitê de Imprensa e banheiros da ala Afonso Arinos, segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).
Maria Regina é casada com José Alcino Scarassati, que trabalhou no Senado nos anos 1980 e entre 2003 e 2004, período em que assessorou o senador Demostenes Torres (DEM-GO). O parlamentar diz que o demitiu porque o ex-assessor tinha ;procedimentos; diferentes dos dele.
Em 2005, Alcino assumiu o cargo de coordenador político do Ministério das Cidades a convite do chefe da pasta, Márcio Fortes (PP). E foi exonerado na semana passada após as suspeitas de envolvimento com o desvio de recursos do PAC.
O Correio revelou que a empresa do filho e da mulher dele, a Construssati, ganhou uma licitação de R$ 5,5 milhões para construir 255 casas populares em Palmas, capital de Tocantins, numa obra que faz parte do PAC da Habitação. Na época da assinatura do contrato, em março, Alcino ainda trabalhava no ministério.
Mergulhada em dívidas, a Construssati costuma terceirizar suas obras, já que tem menos de 10 funcionários registrados. No ano passado, a empresa teve um contrato cancelado pela prefeitura de Lajeado, interior de Tocantins, por não conseguir concluir a construção de calçadas e a pavimentação asfáltica. A empresa também deu trabalho ao Senado. Foi multada em janeiro deste ano em R$ 60.635,41 por atrasar os serviços no Comitê de Imprensa, sala que abriga os jornalistas credenciados e da Agência Senado.
Investigação
Ontem, o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), defendeu uma ;investigação profunda; do Ministério Público em cima da atuação da Construssati na Casa. Ele espera que as investigações conduzidas por Polícia Federal e MP sobre as obras no PAC possam apontar se há irregularidade no Congresso. ;Eu até pediria ao MP para se desdobrar nessas investigações. Espero que possa aprofundar inclusive com relação ao Senado;, disse. O Correio procurou a família Scarassati nos telefones residenciais e da própria construtora, além do celular. Mas não localizou ninguém até o fechamento desta edição.