Jornal Correio Braziliense

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MP quer explicações de Barbosa Neto

Procurador-geral da República analisa denúncia de que deputado federal pedetista teria se apropriado de parte dos salários de funcionários. Na tribuna da Câmara, político paranaense nega acusações

Alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado Barbosa Neto (PDT-PR) pode acabar com outra ação na Corte. O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, analisa denúncia de suposta apropriação de parte do salário de funcionários e cobrará explicações do parlamentar. A denúncia revelada pelo Correio chegou à Procuradoria por meio de Luciano Ribeiro Lopes, ex-assessor de Barbosa Neto (PDT-PR). Lopes trabalhou por cerca de nove meses no gabinete de apoio do pedetista em Londrina e gravou com uma câmera escondida uma conversa com Rogério Bertipaglia, antigo funcionário do parlamentar. Na gravação, Bertipaglia afirma que o cartão para sacar seu salário da Câmara ficava com Ana Laura Lino Barbosa, mulher do deputado do PDT. Da tribuna da Câmara, ontem, o deputado negou qualquer irregularidade e voltou a atribuir a denúncia a uma disputa local orquestrada pelo colega parlamentar Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Ambos são candidatos à prefeitura de Londrina. ;Coloco à disposição do meu líder na Câmara dos Deputados, do corregedor da Câmara, da Procuradoria-Geral da República e da presidência do meu partido o sigilo bancário, fiscal e telefônico da minha empresa, do meu escritório e da minha casa;, disse Neto. O deputado rejeitou a acusação de ter se apropriado de parte do salário do funcionário. Explicou que ajudou o antigo assessor a se recuperar após ter sido expulso da Polícia Militar acusado de tráfico de drogas. Barbosa Neto disse que seus adversários em Londrina se escoraram na fragilidade de Bertipaglia para apresentar a denúncia sem fundamento. ;Eles se utilizam da fragilidade de um rapaz que é meu companheiro, meu assessor há mais de 20 anos, que eu e minha esposa ajudamos a internar em várias clínicas para tratamento, porque é dependente químico;, disse Neto. O deputado tucano negou envolvimento com a denúncia e disse que o pedetista foi leviano nas acusações. ;Eu vou processar ele;, disse Hauly sustentando que as acusações contra o adversário político são suficientes para a abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar. O tucano, no entanto, evitou dizer se ele mesmo vai pedir que a Corregedoria analise o caso. Barbosa Neto é investigado desde novembro pelo STF, num inquérito aberto por suspeita de ter se apropriado de recursos de funcionários da época em que era deputado estadual. Conselho de Ética O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) marcou para terça-feira da próxima semana o depoimento no Conselho de Ética. No documento, Paulinho sugere que o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento) e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, também sejam ouvidos pelo conselho. Esta semana será dedicada à analise dos argumentos usados para rebater as acusações de que teria sido beneficiado por um esquema de desvio de recursos do BNDES.