postado em 02/07/2008 17:05
O Conselho de Ética da Câmara recebeu nesta quarta-feira (2/7) cópia do inquérito contra o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (PDT-SP), acusado de quebra do decoro parlamentar por suspeita de envolvimento em esquema de fraudes no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Com o inquérito em mãos, o relator do processo contra Paulinho, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), espera fundamentar os questionamentos a serem dirigidos ao parlamentar. "O único instrumento que dá base para fazermos alguma coisa é o inquérito da Polícia Federal. Temos que fazer os trabalhos com profundidade", afirmou.
O inquérito contra Paulinho, que corre em segredo de Justiça, será guardado em uma sala do Conselho de Ética para evitar o vazamento das informações. Os integrantes do conselho estão autorizados a analisá-lo no órgão, sem a permissão para cópias ou a retirada de trechos dos papéis.
O presidente do conselho, Sérgio Moraes (PTB-RS), disse acreditar que os parlamentares mantenham o sigilo sobre o inquérito uma vez que a própria Justiça determinou que fique em segredo para não haver prejuízo das investigações. Moraes acredita que o processo contra Paulinho estará concluído antes das eleições de outubro, embora admita que o esvaziamento da Casa pode prejudicar os trabalhos.
"Nos preocupa o recesso e o período eleitoral. Eu não acredito que a demora favoreça ou prejudique o deputado. O tempo necessário precisa ser dado. A pressa pode incorrer em injustiça, não podemos acelerar além do justo", afirmou.
Piau disse que, após ouvir Paulinho na terça-feira, vai apresentar requerimentos de convite para que as testemunhas do processo contra o deputado prestem depoimento. Segundo o relator, cerca de 15 pessoas devem ser convidadas a depor no processo contra o parlamentar --entre testemunhas de defesa e acusação, sem revelar o nome dos que serão convidados.
Os advogados de Paulinho encaminharam ao conselho sua defesa, por escrito, na semana passada. O relator disse que já leu detalhadamente as mais de 200 páginas apresentadas por Paulinho, mas não se mostrou convencido com os argumentos do pedetista. "Satisfaz? Nem um pouco. A defesa precisa de muitas explicações. Uma técnica dos advogados foi descaracterizar as duas representações contra o deputado, afirmando que estão baseadas apenas em matérias jornalísticas", afirmou.