postado em 03/07/2008 15:27
A discussão sobre o assassinato de três jovens, do morro da Providência (região central do Rio de Janeiro), virou nesta quinta-feira (03/07) um debate político sobre a disputa eleitoral na capital fluminense. Após negar o envolvimento do Exército com questões eleitorais, o ministro Nelson Jobim (Defesa) e os deputados Fernando Gabeira (PV-RJ) e Chico Alencar (PSOL-RJ) --ambos são candidatos a prefeito no Rio-- trocaram acusações sobre a participação de militares em projetos sociais.
O bate-boca ocorreu durante audiência pública que reuniu três comissões permanentes da Câmara: Direitos Humanos, Relações Exteriores e Defesa Nacional, além de Segurança Pública.
Para Gabeira e Alencar, o governo federal privilegiou o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) -- que também é candidato a prefeito pelo PRB no Rio de Janeiro-- ao implementar o projeto "Cimento Social", que é de sua autoria, no morro da Providência. Segundo os deputados, a escolha favoreceu Crivella porque o morro está localizado em uma área com muita visibilidade.
Jobim rebateu as acusações dos deputados, informando que o objetivo do projeto é atender a famílias carentes do morro da Providência independentemente de quem partiu a idéia. Mas o ministro reconheceu que a sugestão foi feita por Crivella. No entanto, ele disse que é "absolutamente normal" o governo executar projetos que são oriundos de emendas parlamentares.
Mas os argumentos do ministro não convenceram Gabeira e Alencar. Indignados com as explicações de Jobim, os dois ressaltaram que a iniciativa do governo federal favoreceu eleitoralmente Crivella. Eles mostraram panfletos em que a imagem do senador estava associada ao projeto "Cimento Social".
"[Essa discussão] é secundária a essa tragédia [que provocou a morte de três jovens], [mas deve-se debater] o uso político do Exército brasileiro", afirmou Alencar. "O Exército brasileiro não pode assumir como seu o projeto "Cimento Social´", disse ele.
Em seguida, Gabeira afirmou "é um projeto social absurdo porque as pessoas foram cadastradas por integrantes da Igreja Universal e não pelo [programa] Bolsa Família". Jobim disse que os cadastros para as obras na região foram feitos por militares do Exército e não pela Igreja Universal.
No dia 14 de junho, três jovens que teriam desacatado militares foram entregues por eles a uma facção rival à do morro da Providência. Os jovens acabaram brutalmente assassinados. O fato abriu uma crise no Exército, pois os militares admitiram que entregaram os jovens para traficantes do morro da Mineira (também na região central do Rio). Houve uma ordem judicial que retirou o Exército do morro da Providência.