postado em 03/07/2008 17:05
O empresário Marco Antonio Audi disse nesta quinta-feira (3/7) a senadores do PSDB e do DEM, em audiência pública na Comissão de Serviços de infra-estrutura do Senado, que o advogado Roberto Teixeira agendou os encontros que teve no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na Casa Civil, com a ministra Dilma Rousseff. O empresário não soube precisar a data da visita à ministra Dilma, mas afirmou ter ocorrido entre os dias 23 de junho de 2006 e 21 de julho do mesmo ano, antes do leilão da Varig.
Audi contou que Roberto Teixeira - amigo e compadre de Lula - não estava na reunião quando foi apresentado à ministra como interessado em adquirir a empresa. A conversa teria durado dez minutos e, segundo ele, o advogado estava representado por sua filha Waleska Teixeira. Com o presidente, o encontro aconteceu um dia antes da autorização da retomada de vôos da Varig, em 13 de dezembro de 2006.
Durante mais de três horas de depoimento, que não teve a participação de senadores da base aliada ao governo, o empresário procurou desvincular o Planalto da operação de compra e venda da empresa aérea e negou que Roberto Teixeira tenha usado sua influência no governo para facilitar e se beneficiar da transação.
Segundo ele, quando o Teixeira o levou para o encontro com Lula, não demonstrou intimidade. "Não senti a liberdade tão grande que ele vendia", disse. "Não estou preocupado em proteger o presidente e a ministra. Estou preocupado em não pôr culpa a quem não tem", afirmou Audi, diante das perguntas dos oposicionistas. Na avaliação dos parlamentares, ele teria preservado o Planalto de olho nas pendências judiciais. Uma delas é a briga pelo controle da VarigLog, que hoje é comandada pelo fundo Matlin Patterson, dos Estados Unidos.
Contradição
Os parlamentares do PSDB e do DEM avaliaram que Audi foi contraditório durante o debate na comissão do Senado. "O tráfico de influência está claro, apesar de ele (Audi) ter negado", concluiu o líder do DEM, senador José Agripino (RN).
O empresário disse que Roberto Teixeira era contra a venda da Varig mas mudou de idéia depois de conversar com o investidor Lap Chan, representante do fundo norte-americano, que tem 60% do capital da VarigLog. O escritório de advocacia de Roberto Teixeira atende Lap Chan. Audi afirmou que, segundo notícias divulgadas pela imprensa, o advogado teria montado duas empresas em São Paulo com o investidor chinês, que tem Larissa Teixeira, sua filha, como sócia.