Politica

Audi afirma que encontrou Dilma antes de comprar Varig

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postado em 04/07/2008 10:51
O empresário Marco Antonio Audi, sócio afastado da VarigLog, disse ontem em depoimento no Senado que se reuniu com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), no Palácio do Planalto, em julho de 2006, pouco antes de a companhia de carga comprar a Varig. Dilma é acusada pela ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu de interferir na venda da Varig em favor do grupo formado por Audi, outros dois brasileiros e o fundo norte-americano Matlin Patterson. Audi disse que o encontro até então desconhecido foi intermediado pelo advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, a quem definiu como um homem que "abre portas", "faz chover" e "consegue seus objetivos" usando sua influência. Apesar disso, em quase quatro horas de depoimento, Audi negou sete vezes que Dilma e Lula tenham interferido na venda da Varig. "Quero deixar claro que a ministra Dilma e o presidente Lula nunca tiveram nada a ver com isso. Se tiveram, foi através da boca do Roberto Teixeira, que usava o nome deles", disse Audi. Há duas semanas, a Folha revelou que Teixeira esteve pelo menos seis vezes com Lula no Planalto desde 2006, em encontros não divulgados. Dilma também reconheceu que se reuniu com o advogado duas vezes, novamente sem registros. Contratado pela VarigLog, Teixeira já recebeu cerca de US$ 5 milhões da companhia, entre honorários, custas judiciais e outras despesas. Procurada pela Folha, a Casa Civil não se pronunciou até a conclusão desta edição. A agenda de Dilma no ano de 2006 não está disponível na internet. Audi diz que não se lembra da data exata em que esteve no gabinete de Dilma. Afirma que estava acompanhado de Valeska Teixeira, filha de Roberto Teixeira, e que o encontro durou dez minutos. O empresário disse que foi até lá a pedido de seu advogado e que apenas foi apresentado a Dilma como "possível comprador da Varig". O empresário negou que tenham pedido a ajuda da ministra: "No que ela pode ajudar? Acho que era mais importante para o Roberto Teixeira eu estar lá", disse Audi. Segundo o empresário, Teixeira, Valeska e seu marido, Cristiano Martins, sempre usaram o nome de Lula para transitar no governo: "Mais no segundo e terceiro escalões, para abrir portas. Eles usavam mais do que eles tinham mesmo de contato com o presidente". Audi disse que, quando precisa impressionar alguém, Valeska "pega o telefone e diz que vai passar o final de semana na casa do dindo, o padrinho dela, o presidente Lula". Em nota, o escritório Teixeira, Martins & Advogados, de Roberto Teixeira, diz ser "estranho que o sr. Audi faça esse tipo de acusação, uma vez que ele jamais testemunhou qualquer diálogo dessa natureza". Afirma ainda que "jamais houve tráfico de influência ou troca de favores". Segundo a nota, as declarações de Audi reforçam que "as batalhas foram todas travadas nos tribunais, onde não houve nenhum tipo de influência política, muito menos do governo".

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