postado em 06/07/2008 09:50
O embate pela presidência da Câmara Legislativa ; assunto que deve dominar a pauta a partir do segundo semestre do ano ; promete dividir o governo. Presidente regional do Democratas, o vice-governador Paulo Octávio não aceita apoiar um candidato de outra legenda que não seja a dele. ;Já fechamos questão. O diretório vai trabalhar pela eleição de um dos quatro distritais do partido;, garante o político. Mas faltou combinar com o governador José Roberto Arruda (DEM). Ele sinaliza a interlocutores não fazer diferenças entre as siglas de sua base de sustentação na Casa.
Entre os potenciais concorrentes, Arruda demonstra que aprovaria a permanência do atual presidente da Casa, Alírio Neto (PPS). Os dois tiveram desentendimentos nos últimos meses. Mas conseguiram refazer uma aliança capaz de justificar o apoio do governador ao projeto de reeleição, aprovado já em primeiro turno, e que abre as portas para a permanência de Alírio no cargo. Arruda analisou o cenário em conversas na semana passada e disse que a situação na Câmara é favorável. Prefere não arriscar uma mudança que possa trazer surpresas nos dois anos finais de seu mandato, quando mais precisará do apoio dos distritais.
Nem mesmo a inclinação de Arruda a favor de Alírio desencorajou a tentativa do secretário de Justiça e Cidadania, Raimundo Ribeiro (PSL), de se viabilizar para a disputa. Nesta semana, ele anunciou que deixará o governo, rumo à Câmara. Desmentiu as especulações de que a saída dele deve-se a uma vontade de concorrer ao cargo e disse que ajudará o governo da forma como for preciso. Se Arruda pudesse escolher, Ribeiro ; que também não é do Democratas ; teria grandes chances de ser o predileto. Mas a eleição depende de uma costura política interna, embora o apoio de Arruda a um dos concorrentes desequilibre o processo.
Preferido do vice
A aposta entre os deputados é de que Paulo Octávio teria um preferido na bancada do DEM, o líder do governo, Leonardo Prudente. Mas o vice-governador mantém boa relação também com outros dois distritais do partido: Eliana Pedrosa e Júnior Brunelli. Paulo Roriz é mais ligado a Arruda. Em público, no entanto, o vice-governador se nega a apontar o favorito. ;Não vou interferir nessa escolha. Os deputados do partido decidirão entre eles quem deverá presidir a Câmara;, afirmou. ;Eu me recuso a apoiar alguém do PMDB, do PP ou do PSB;, acrescentou, citando partidos aleatoriamente.
Outros nomes da base governista estão no páreo. Um dos que trabalham nos bastidores é o deputado Milton Barbosa (PSDB), considerado um rorizista. Segundo pessoas próximas ao tucano, ele tentará conquistar o apoio da oposição, na estratégia de antecipar uma eventual aliança entre PMDB e PT para 2010. O parlamentar pretende construir o eleitorado entre os deputados que pregam uma independência maior em relação ao Executivo.
Outro nome lembrado é o de Benício Tavares (PMDB), que já presidiu a Câmara duas vezes. De uns tempos para cá, ele passou a atuar nos bastidores. Mesmo assim é apontado como um importante cabo eleitoral porque desenvolveu habilidade para costuras políticas. Até o ano passado, havia uma aliança entre Benício e Alírio. A deputada Eurides Brito (PMDB) é considerada uma coringa. Embora jure não querer disputar a presidência da Casa, ela pode crescer na corrida ao posto, caso os outros nomes não cheguem a um consenso. A distrital tem a vantagem de entender os meandros da Casa e de desfrutar da confiança de Arruda.