postado em 07/07/2008 09:07
O governador José Roberto Arruda (DEM) ensaiou várias formas de lidar com a política no varejo ; aqueles problemas do dia-a-dia com potencial de se transformarem em grandes crises. No início do mandato, chamou para si a responsabilidade de interagir com os agentes públicos. Sobrecarregado, decidiu dividir o trabalho com assessores próximos. A mais nova tentativa foi institucionalizar o cargo de articulador do governo, criando a chefia da Casa Civil. Para o posto, Arruda escalou José Geraldo Maciel, seu primo e conterrâneo de Itajubá (MG).
Maciel fala com deputados, promotores, conselheiros com a autoridade de quem desfruta da intimidade do governador. A missão do novo articulador é desatar os nós da administração pública. Nas últimas duas semanas, o ex-secretário de saúde conversou com quase todos os distritais da base de governo. No dia seguinte ao anúncio de que iria para a Casa Civil, ele almoçou com o deputado de oposição Chico Leite (PT). O resultado desse princípio de diálogo, Maciel contabiliza: ;Aprovamos seis dúzias de projetos de interesse do governo em uma semana;.
Nos bastidores, ele também trabalhou para aprovar o relatório prévio que avalia a gestão fiscal do governo no exercício de 2007 pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF). Maciel esteve com todos os conselheiros e convidou um dos mais distantes para almoço na residência oficial de Águas Claras na véspera da sessão. No encontro, o conselheiro Renato Rainha entregou a Maciel uma lista com os 15 problemas mais reincidentes na administração de Arruda.
O chefe da Casa Civil prometeu distribuir uma cópia das recomendações a cada um dos secretários para evitar demora no andamento de projetos, coisa que tem tirado o governador do sério. Essa já é uma aproximação com o futuro presidente do TCDF. Rainha vai comandar a instituição nos últimos dois anos do atual mandato de Arruda. Na tarde da última sexta-feira, quando o atual presidente do TCDF, Paulo César Ávila, foi a Águas Claras entregar o relatório completo, aprovado no dia anterior, José Geraldo Maciel deixava transparecer satisfação por mais um acerto.
Apelo de distritais
Maciel acumula também o poder da Secretaria de Saúde. Ele saiu, mas deixou no lugar o adjunto Rubens Iglesias, sob quem tem ascendência. Inclusive, tem participado de reuniões da pasta. A nova função desabrigou parte da ingerência do secretário de governo, José Humberto Pires. Por um lado, Arruda quis desafogá-lo, já que ele tem a função de gerenciar a administração do GDF. Por outro, atendeu a um apelo dos distritais que reclamavam da falta de tempo do secretário de governo para resolver as pendências cotidianas.
O chefe da Casa Civil tenta suprir essa dificuldade. Tem procurado ser sensível não só aos pedidos, mas até mesmo às variações de humor dos distritais. Há alguns dias, em pleno fim de semana, atendeu o chamado de um parlamentar no início da madrugada. ;Era só um desabafo. Terminamos a conversa e ele estava ótimo, quem não dormiu fui eu;, disse Maciel sem revelar os detalhes sobre o assunto e o interlocutor da tal ligação. Um deputado da base governista disse ao Correio que o comportamento de Maciel de fato mudou. Na secretaria de Saúde, era bem mais difícil localizá-lo.
Novo articulador de Arruda, Maciel tem relação antiga com o governador. Os dois são parentes. Engenheiro, Maciel veio para Brasília na década de 1970 e depois trouxe o primo em primeiro grau para trabalharem juntos na Companhia Energética de Brasília (CEB). Maciel é experiente. Já exerceu diversos cargos no governo do Distrito Federal. Foi presidente da CEB, secretário de Serviços Públicos, de Transportes e de Saúde.