postado em 09/07/2008 10:25
O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) em São Paulo pretendem apurar como o banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity, soube com antecedência sobre a Operação Satiagraha, que desmontou nesta terça duas organizações criminosas que, associadas, podem ter obtido altos faturamentos no mercado de ações e que seriam responsáveis também por um esquema de desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro.
Um dos grupos, liderado por Daniel Dantas, sabendo antecipadamente da operação da PF, tentou corromper um delegado federal que participava da investigação para que o nome do banqueiro e de sua irmã Verônica Dantas fossem retirados do inquérito. Uma das pessoas, Hugo Chicaroni, a mando de Dantas, ofereceu US$ 1 milhão para o delegado federal. Na casa de Chicaroni, que foi preso preventivamente, a Polícia Federal apreendeu R$ 1,180 milhão e acredita que esse dinheiro seria utilizado para o pagamento do suborno ao delegado.
A promessa de propina ao delegado da Polícia Federal serve para demonstrar a audácia do grupo criminoso, que não respeita as instituições brasileiras e não teme nem mesmo a proposta de propina, disse o procurador do Ministério Público Federal Rodrigo de Grandis, durante entrevista coletiva concedida na tarde de hoje na sede da superintendência da Polícia Federal em São Paulo.
Chicaroni e Humberto da Rocha Brás também tentaram convencer o delegado federal para que, após o desfecho da Operação Satiagraha, a Polícia Federal se empenhasse em criar uma nova operação para investigar um adversário de Daniel Dantas, o empresário Luís Roberto Demarco, ex-sócio do Opportunity.
Além de Chicaroni, Daniel Dantas e sua irmã, a Polícia Federal prendeu outras 14 pessoas em São Paulo e no Rio de Janeiro entre elas, o megainvestidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Os três mais conhecidos - Dantas, Nahas e Pitta - ficarão presos temporariamente na sede da PF em São Paulo em celas separadas.
O MPF também chegou a pedir a prisão do advogado e ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh, acusado de participar do grupo liderado por Dantas, mas o juiz federal Fausto de Sanctis entendeu que não existiam fundamentos suficientes para decretá-la.