postado em 12/07/2008 09:04
Num país onde candidaturas costumam ser o trampolim para vôos maiores, e onde vices fiéis são peças de reposição raras, os principais postulantes à Prefeitura do Rio encheram-se de cautela para escolher os parceiros de chapa. Dos oito principais candidatos, quatro preferiram montar chapas puro-sangue ; formadas por membros do mesmo partido ; e os outros quatro, mesmo se aventurando com colegas de coligação, decidiram fazer duo com nomes desconhecidos do público.
Apesar de o Tribunal Superior Eleitoral ter decidido que este ano, pela primeira vez, as urnas eletrônicas vão exibir fotos dos candidatos a vice-prefeito, dificilmente um eleitor carioca vai pesar o nome do vice ao definir o voto. O mais conhecido, curiosamente, é um vice que é muito pouco associado à política, o capitão da Seleção Brasileira tricampeã do Mundo, no México, em 1970. Filiado ao PDT, Carlos Alberto Torres, um dos maiores laterais-direitos da história, é coadjuvante do major reformado da PM e deputado estadual Paulo Ramos (PDT), mais conhecido por gestos polêmicos, como conceder uma Medalha Tiradentes ao ;comandante; venezuelano Hugo Chávez. O vice menos conhecido? Avalie você mesmo.
;Não sou candidato a vice. O Paulo é que é candidato a prefeito;, avisa logo Carlos Alberto. Procurado em casa pelo comando local do PDT, partido por onde já se elegeu vereador, Carlos Alberto disse que aceitou o pedido por ser uma missão partidária. ;Não pude me recusar. Deixei usarem o meu nome na chapa e, dentro do possível, vou tentando ajudar;, explica ele, que deixou claro, no entanto, que vai ter pouco tempo para subir em palanques. Ele já tem vários compromissos assumidos para o período de campanha, inclusive no exterior. ;Participar de comícios? Terei que ver na minha agenda.;
O senador Marcelo Crivella (PRB) não poderá reclamar da sombra do vice. Escolheu como escudeiro um certo Jimmy Pereira (PRTB), um biólogo de 38 anos, ex-subprefeito da Ilha do Governador, mais lembrado pelo sobrenome ligado a políticos locais. Jimmy é filho do vice-presidente da Câmara Municipal do Rio, Jorge Pereira (PTdoB), e da deputada estadual Graça Pereira (DEM). Jandira Feghali (PCdoB) também escolheu um discreto companheiro de chapa: Ricardo Maranhão (PSB), ex-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras, que chegou a ser deputado federal entre 1999 e 2000. Já Fernando Gabeira (PV) cedeu vaga para o principal parceiro político, o PSDB, que indicou o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha. ;O vice pode ser um bom ator coadjuvante. E coadjuvante às vezes ganha Oscar;, brinca Luiz Paulo, com a experiência de quem já foi vice ; no caso, vice-governador de estado. ;Como toda sinceridade, vice não é um peso morto. Acho que o vice vai desempenhar cada vez mais papéis num governo de coalizão política;, acredita.
O deputado federal Chico Alencar (PSol) fez dupla com Vera Nepomuceno (PSTU), historiadora como ele, e coordenadora geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação. Já a deputada federal Solange Amaral (DEM) montou uma chapa puro-sangue, colocando como vice o deputado estadual Pedro Fernandes. ;Cada um tem suas razões na hora de escolher o vice. Solange fez chapa com o deputado estadual mais votado do DEM;, explica o prefeito César Maia (DEM). Também é toda peemedebista a chapa do candidato do governador Sérgio Cabral (PMDB): o ex-tucano Eduardo Paes, que escolheu o economista Carlos Alberto Muniz, um histórico do partido, como vice.
Méritos próprios
Sem o PMDB, que rompeu unilateralmente a aliança com o PT, o candidato Alessandro Molon ficou sem coligação. Professor de história, escolheu como sua vice outra educadora, a gaúcha Léa Tiriba, uma das fundadoras do Fórum de Educação Infantil do Rio. ;Fui indicada pela minha trajetória política e pessoal;, comenta Lea, debutando como concorrente a um cargo eletivo. Com esses companheiros em suas chapas, quem se eleger prefeito poderá, pelo menos, ter a certeza que chegou lá por méritos próprios.