postado em 14/07/2008 08:19
O deputado João Magalhães (PMDB-MG) não recebeu propina somente em dinheiro vivo, diz a polÃcia. As escutas feitas pela PF revelam que o parlamentar também arrecadou R$ 40 mil por meio de um depósito na conta de uma assessora. Os grampos mostram que o dinheiro foi pago pelo prefeito de São Félix de Minas, Wanderley Vieira (PT). Segundo relatório do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, a propina era uma exigência para que o parlamentar apresentasse emenda em favor do municÃpio. Antonio Fernando liga João Magalhães a desvios em 15 cidades, das quais oito com participação direta dele. É o caso de São Félix de Minas.
Numa conversa interceptada com o deputado, a assessora que serviu como laranja, Mary Lane, como é conhecida, nega-se a receber recursos do prefeito de São Félix de Minas em espécie. A assessora consultou João Magalhães sobre o pedido de Wanderley de fazer uma transferência eletrônica direta (TED). ;Ah, tá. Você resolve lá; afirma o deputado. ;Então eu vou resolver da minha maneira aqui;, responde ela. ;Ou pega papel;, sugere o deputado. ;Papel;, para a PF, é dinheiro. ;Ah não, eu não estou querendo pegar, vou transferir então, tá?;, afirma Mary Lane.
No dia seguinte, a assessora e o prefeito conversam novamente ao telefone. Wanderley avisa a Mary Lane que faria a TED. Ela lhe repassa seus dados bancários. ;M, A, R, Y, pobre metido a rico;, comenta a assessora, soletrando seu nome. O prefeito, segundo os grampos, pergunta para a assessora se era para depositar R$ 39 mil ou R$ 40 mil. ;Quarenta. Fechado;, diz Mary Lane. Wanderley reclama, brincando do percentual da comissão. ;Então é onze por cento, né, danada?;, comenta. ;Não, é%u2026 É dez por cento do total;, responde ela. Ao final do diálogo, a assessora diz: ;O homem lá não quer nem saber;, numa alusão, segundo a PF, ao deputado.
Mary Lane, que foi presa na operação João de Barro, teve seu sigilo bancário quebrado pela Justiça. O chefe do Ministério Público também a aponta como intermediária no recebimento de comissões em favor de João Magalhães para atuar com as prefeituras mineiras. O esquema do deputado, lembra o procurador, remonta a ;1999 e persiste nos dias atuais;. ;Os advogados do deputado, Marcelo Bessa, e da assessora, Lauro Tassis, disseram que não podem comentar os diálogos por causa do segredo judicial. Já Wanderley Vieira negou que tenha conversado com Mary Lane, disse desconhecer o inquérito do STF e o teor das gravações. O prefeito garantiu que jamais pagou pela liberação de emenda.
Fac-sÃmiles dos documentos anexados ao relatório da PolÃcia Federal