postado em 15/07/2008 11:01
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou na segunda-feira o uso indiscriminado de algemas e o "sensacionalismo" da Polícia Federal na Operação Satiagraha, que teve como principal alvo o banqueiro Daniel Dantas. Em reunião com os ministros que compõem a Coordenação Política do governo, Lula cobrou menos espetáculo nas investigações e manifestou preocupação com a legalidade das ações dos agentes federais, segundo participantes do encontro.
"Para que humilhar uma pessoa se ela se dispõe a prestar esclarecimento e tem endereço fixo?", perguntou Lula, que retornou na segunda-feira ao Planalto após oito dias de viagem por Japão, Vietnã, Timor Leste e Indonésia. "Eu sou contra essa exposição desnecessária, antes de comprovada a culpa;, criticou.
Além de Dantas, o megainvestidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta saíram algemados por agentes da PF quando foram presos. Pitta chegou a ser filmado de pijamas quando recebeu a polícia em casa. Escalado para falar sobre o tema na reunião, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que o único reparo a fazer dizia respeito à forma como a operação foi divulgada para uma emissora de TV.
Ao contrário de Lula, Tarso defendeu o uso das algemas - sob a alegação de que não se sabe quando os suspeitos mostrarão resistência à prisão -, mas concordou que a operação deflagrada para combater crimes financeiros e desvio de recursos públicos poderia ter sido mais discreta.
Aborrecido com a divulgação das conversas grampeadas envolvendo seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, Lula disse na segunda que a PF pode ter cometido abuso. Embora ministros afirmem que "não teve nada demais" a conversa telefônica interceptada entre o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT) - advogado de Dantas - e Carvalho, o clima é de cautela.