postado em 16/07/2008 20:28
A Polícia Federal divulgou nesta quarta-feira (16/7), conforme havia sido antecipado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma nota em que reafirma que foi do próprio delegado Protógenes Queiroz a iniciativa de deixar o comando da Operação Satiagraha e que ele tomou a medida para poder freqüentar as aulas do 22º Curso Superior de Polícia. Conforme a nota, "no dia 02 de junho, foi publicada Portaria da Academia Nacional de Polícia com a convocação de Queiroz (para o curso)". No comunicado a PF afirma afirma também lamentar "a distorção dos fatos" no episódio do afastamento do delegado.
A nota diz ainda que Protógenes sugeriu que poderia continuar tocando o inquérito que estava sob sua responsabilidade se lhe fosse permitido trabalhar apenas aos sábados e aos domingos, já que teria de freqüentar o curso nos dias úteis. Porém, a sugestão não foi aceita pelos diretores da corporação com os quais estava reunido em São Paulo no dia 14 de julho.
Veja a nota divulgada pela PF:
Em razão de notícias veiculadas em alguns setores da mídia com informações equivocadas sobre a saída dos delegados responsáveis pela Operação Satiagraha, o Departamento de Polícia Federal esclarece que:
- O delegado Protógenes Queiroz, responsável pelas investigações da Operação Satiagraha, entrou no dia 13 de maio com pedido de liminar junto à 3ª Vara Federal do DF para que fosse matriculado no XXII Curso Superior de Polícia, alegando preencher os requisitos exigidos para freqüentar o Curso e contestando os critérios estabelecidos pelo Ministério do Planejamento para contagem de tempo do serviço público. No dia 20 de maio, a Justiça determinou a matrícula e freqüência do delegado no referido Curso. No dia 02 de junho foi publicada Portaria da Academia Nacional de Polícia com a convocação de Queiroz.
O Curso Superior de Polícia foi instituído em 1998 como instrumento de aperfeiçoamento e atualização dos delegados e peritos federais, pré-requisito para ascensão à classe especial, último degrau da carreira. É realizado para servidores que tenham mais de nove anos na carreira policial;
- No dia 14 de julho, o Diretor de Combate ao Crime Organizado, Roberto Ciciliati Troncon Filho, o chefe da Divisão de Combate aos Crimes Financeiros, Paulo de Tarso Teixeira, o Superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Leandro Daiello Coimbra, e a equipe responsável pela Operação Satiagraha reuniram-se em São Paulo para avaliar os procedimentos operacionais e discutir as próximas etapas da investigação.
Durante a reunião, Queiroz informou que foram instaurados três inquéritos policiais distintos, sendo um deles sob sua responsabilidade e que poderia ser instruído aos sábados e domingos, uma vez que teria necessidade de freqüentar o Curso Superior durante os dias úteis.
A sugestão não foi acatada pelos diretores já que traria prejuízo às pessoas convidadas a prestar esclarecimentos junto à investigação, comprometendo também a celeridade da apuração. A autorização quebraria ainda a regra de dedicação exclusiva exigida de todos os participantes na fase presencial. Diante dos argumentos, o delegado Queiroz comprometeu-se a relatar o inquérito até o dia 18 de julho alegando que o procedimento estaria praticamente concluído com os resultados das investigações realizadas até então.
Protógenes Queiroz acrescentou também o desejo de após concluir o Curso Superior não mais atuar junto aos outros dois inquéritos, preferindo colaborar como apoio às demais autoridades policiais designadas para a investigação;
- Ao término da reunião, o diretor de Combate ao Crime Organizado, Roberto Ciciliati Troncon Filho, tomou conhecimento por meio do chefe da Delegacia de Combate aos Crimes Financeiros que a delegada Karina Murakami Souza havia manifestado desejo de não continuar à frente do inquérito pelo qual era responsável. A delegada alegou razões pessoais, o que levou os diretores a designarem o delegado Ricardo Saadi a assumir a presidência desse inquérito e a delegada Érika Mialik Marena para presidir o terceiro procedimento. Saadi e Marena serão auxiliados por dois delegados que atuam na área de repressão a crimes financeiros e lavagem de dinheiro;
- O delegado Carlos Eduardo Pelegrine não fazia parte da equipe de investigação e havia sido cedido dias antes da Operação para auxiliar na fase ostensiva;
- Por iniciativa da Polícia Federal, serão prestadas, hoje, ao procurador do caso e ao juiz da 6ª Vara Federal de São Paulo, informações detalhadas sobre os fatos acima descritos e sobre as próximas fases da investigação;
- A direção-geral da PF lamenta a distorção dos fatos, que só leva a confundir a população, e aproveita para reafirmar o compromisso perante a sociedade brasileira de cumprir fielmente suas atribuições constitucionais.