Politica

Operação Satiagraha: delegados exigem autonomia

Em manifesto, sindicato da categoria pedirá independência financeira e administrativa com relação ao Ministério da Justiça. Lutam também por mais liberdade para a escolha do diretor-geral da corporação

postado em 23/07/2008 09:02
São Paulo ; Diante da crise institucional gerada pelos desdobramentos da Operação Satiagraha, delegados da Polícia Federal em São Paulo decidiram redigir um manifesto reivindicando independência administrativa e financeira com relação ao Ministério da Justiça e alterações no processo atual de escolha do delegado-geral. O texto do documento, que deve ficar pronto nesta quarta-feira (23/07), será encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ministro da Justiça, Tarso Genro, e às presidências do Senado e da Câmara Federal.

A decisão foi tomada, em nome da categoria, por cerca de 60 delegados que participaram ontem, na sede da Superintendência da PF em São Paulo, de uma assembléia inicialmente convocada para abrir espaço a eventuais relatos dos delegados Protógenes Queiroz, Carlos Eduardo Pellegrini e Karina Souza, responsáveis pela condução da primeira etapa da investigação. Os três foram convidados para falar sobre as queixas já manifestadas por meio da imprensa e, ao mesmo tempo, esclarecer se houve ou não desrespeito às prerrogativas dos delegados ou mesmo ingerências indevidas ao longo do trabalho.

Como nenhum dos três compareceu ; apenas Pellegrini desculpou-se e apresentou justificativa para a ausência ; a categoria decidiu, por unanimidade, não tomar providências específicas em defesa de algum delegado que tenha atuado no caso. ;Nos colocamos à disposição, mas nenhum dos três veio participar. Então, sairemos em defesa apenas da instituição, da imagem da corporação, dos direitos e das prerrogativas dos delegados de um modo geral;, explicou o delegado Amaury Portugal, presidente do Sindicato dos Delegados da PF em São Paulo e diretor da Associação dos Delegados da PF (ADPF).

Segundo ele, é por meio do manifesto que a entidade irá expressar suas principais preocupações, agravadas a partir da Satiagraha. Na avaliação da categoria, o Departamento de Polícia Federal deve ganhar rubrica própria no Orçamento da União, de tal maneira que os próprios policiais decidam a melhor forma de aplicação de recursos, sem depender das liberações e das outras necessidades do Ministério da Justiça.

Já o delegado-geral, atualmente um cargo de confiança, deve, na interpretação do sindicato, ser escolhido pelo ministro e pelo presidente da República a partir de lista tríplice cujos candidatos sejam definidos internamente, pelo conjunto de delegados, num processo semelhante ao feito no Poder Judiciário. ;É a melhor forma de garantir verdadeira independência para o trabalho da instituição e evitar ingerências externas de toda sorte;, ponderou Portugal.

O sindicato representa os cerca de 500 delegados federais lotados no estado. Hoje, será a vez de os agentes federais se reunirem para ouvir relatos dos colegas que participaram da Satiagraha e, depois, se posicionar em respeito.

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