Politica

Elo com Naji Nahas derruba executivo da Telecom Italia

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postado em 24/07/2008 10:20
A Telecom Italia decidiu substituir o presidente do Conselho de Administração da TIM Brasil, Giorgio Della Seta, por um brasileiro, para tentar desvincular a administração atual do grupo das denúncias contra o megaespeculador Naji Nahas e o banqueiro Daniel Dantas. Della Seta deixará o cargo em setembro. A informação foi confirmada, à Folha, por altos executivos do grupo. Em 2003, quando ocupava a presidência da Telecom Italia América Latina, Della Seta autorizou pagamento, em dinheiro, de R$ 3,25 milhões a Naji Nahas. Segundo executivos da Telecom Italia, Della Seta teria apenas cumprido ordens do então presidente da grupo, o empresário Marco Tronchetti Provera, hoje presidente da Pirelli. A contratação de Nahas foi decidida por Provera, que o conhecera por intermédio da mulher, ex-modelo na Tunísia. O pagamento em espécie -foi usado um carro forte para transportar as notas- a Nahas foi revelado pela revista ""Veja", em 2006, e o nome de Della Seta passou, a partir daí, a ser vinculado ao noticiário sobre a espionagem feita pela Telecom Italia no Brasil. Pelo mesmo motivo, a Telecom Italia afastou Ludgero Pataro, no mês passado, outro ex-executivo do grupo Pirelli no Brasil, que trabalhava como consultor da TIM para assuntos institucionais. Pataro foi apontado no noticiário como a pessoa que supostamente entregou a mala de dinheiro a Naji Nahas, em 2003. Ele sempre negou a acusação e voltou a fazê-lo, ontem, ao ser procurado pela Folha, por telefone. Disse que saiu da TIM por iniciativa própria. Della Seta está na Italia, em férias, e, segundo sua secretária, estava em alto-mar e não pôde ser localizado. Negociação O empresário Tronchetti Provera, da Pirelli, comprou o controle acionário da Telecom Italia em 2001. Della Seta, então presidente da Pirelli no Brasil, acumulou a presidência da Telecom Italia na América Latina. Seu grande desafio, ao assumir o cargo, era viabilizar o lançamento da TIM. O projeto estava parado porque a Telecom Italia era um dos acionistas controladores da Brasil Telecom. Como a BrT não havia antecipado o cumprimento das metas de telefonia fixa -a exemplo do que fizeram a Telefônica e a Telemar-, a Telecom Italia ficou impedida de lançar a TIM. Nahas negociou com Daniel Dantas a saída temporária da Telecom Italia do bloco de controle da BrT, num lance arriscado. Dantas administrava a Brasil Telecom em meio a uma batalha judicial com os fundos de pensão e com a própria Telecom Italia, pelo poder na tele. Na solução engendrada por Nahas, a Telecom Italia vendeu 18,3% do capital da holding Solpart (controladora da BrT) ao Opportunity pelo valor simbólico de US$ 47 mil, com o compromisso de Dantas de que ela retomaria sua posição no bloco de controle assim que as metas de expansão da BrT fossem cumpridas. Nahas recebeu o pagamento por intermediar o acordo. Nesse ínterim, no entanto, a BrT comprou uma licença para lançar seu próprio serviço celular, e a Telecom Italia ficou impedida de voltar ao controle da tele. Nahas foi novamente contratado pela Telecom Italia para negociar com Dantas. Em 2005, pouco antes de o Citibank e os fundos de pensão destituírem Dantas da gestão da BrT, a Telecom Italia acertou comprar a participação do Opportunity no capital da Brasil Telecom, por 341 milhões, e pagou ao banqueiro 50 milhões para ele retirar as ações judiciais que tinha movido contra a empresa italiana e seus executivos. O negócio da compra das ações fracassou porque Dantas foi afastado da gestão da BrT, mas o banqueiro recebeu o dinheiro para retirar as ações judiciais. Naji Nahas, por sua vez, recebeu o equivalente a 25,47 milhões da Telecom Italia de 2002 a 2006. No ano passado, o grupo Pirelli vendeu o controle acionário da Telecom Italia para um consórcio de empresas italianas e a Telefónica de España. A participação da Telecom Italia na Brasil Telecom foi vendida aos fundos de pensão e ao Citibank.

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