Politica

Nomeação de Emília Ribeiro na Anatel garante mudança no PGO

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postado em 11/08/2008 09:26
Brasília - Por ordem de Lula, os operadores políticos do governo mobilizam seus exércitos no Senado nesta semana. Arma-se um esforço para aprovar, a toque de caixa, a indicação de Emília Maria Silva Ribeiro para a diretoria da Anatel. Apadrinhada do PMDB, Emília vai à Agência Nacional de Telecomunicações com uma missão. Ela votará a favor da reformulação do PGO (Plano Geral de Outorgas), editado em 1998, sob FHC. Depende dessa mudança a formalização da compra da Brasil Telecom pela Oi. Um negócio de R$ 12,3 bilhões, hoje proibido por lei. O nome de Emília precisa ser aprovado no Senado. Primeiro, na comissão de Infra-Estrutura. Depois, no plenário. Na comissão, coube ao presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE) a tarefa de relator. O texto do senador deve ser entregue nesta semana. Para satisfação do Planalto, Guerra informou a colegas de bancada que tende a dizer "sim" à indicação de Emília. Seu texto deve vir temperado com pitadas de pregação em favor da independência das agências reguladoras. Mas, no essencial, entregará Emília a Lula. Pela lógica, festejam os articuladores do Planalto, tucanato acompanhará o voto de seu presidente. O que facilita o trabalho da bancada governista. Na comissão e no plenário. O governo deseja aprovar a mudança do PGO na Anatel até o final de agosto. E a nomeação de Emília Ribeiro visa evitar surpresas indesejáveis. Há no conselho da Anatel cinco cadeiras. O Planalto precisa de três votos para obter o que deseja. O problema é que, desde novembro de 2007, há uma vaga na agência. Com apenas quatro conselheiros, bastariam dois votos contra para que a transação bilionária da BrOi fosse melada. Daí a pressa em acomodar Emília na diretoria da Anatel. O nome dela foi discutido pelo ministro Hélio Costa (Comunicações) numa conversa com três barões da "supertele". Deu-se em Brasília, no dia 8 de maio. Participaram da reunião o empresário Carlos Jereissati (La Fonte), o executivo Otávio Azevedo (Andrade Gutierrez) e Luiz Eduardo Falco, presidente da Oi. Discutiram-se os detalhes da operação que resultará na eliminação dos entraves legais à BrOi. Houve consenso quanto à necessidade de recompor a diretoria da Anatel. Um detalhe aproxima o PSDB das tratativas. Carlos Jereissati é irmão do senador Tasso Jereissati (CE), ex-presidente do tucanato. Daniel Dantas também tem vivo interesse no desenlace da encrenca. O investigado-mor da Operação Satiagraha retirou-se do quadro societário da Brasil Telecom. Em troca, tem a receber cerca de R$ 1 bilhão. Uma cifra que só pingará na conta bancária de Daniel Dantas depois da mudança do PGO e da formalização do negócio. A certeza de que os incômodos legais serão arrancados do caminho da nova telefônica é tão densa que o BNDES já injetou na operação financeira da BrOi notáveis R$ 2,57 bilhões.

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