postado em 13/08/2008 17:58
O banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity, acusou nesta quarta-feira (13/08) o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, de ter articulado a Operação Satiagraha, da Polícia Federal, com o objetivo de prejudicá-lo em represália a um suposto dossiê que Dantas teria divulgado contra o ex-diretor da PF. Em depoimento à CPI das Escutas Telefônicas da Câmara, Dantas disse que Lacerda agiu em "retaliação" à publicação de uma reportagem com informações de que o diretor da Abin teria contas irregulares no exterior --o que teria sido revelado por Dantas à revista.
"Eu, em novembro do ano passado, fui informado de que existia uma operação encomendada na PF contra mim. Eu não dei muita credibilidade, importância. São muitas informações que chegam todo dia. O que diziam é que isso tinha sido pedido pelo diretor da Abin, doutor Paulo Lacerda. E que isso ocorria como retaliação do doutor Lacerda ao atribuir responsabilidade de eu ter entregue a uma revista de grande circulação relatório que constavam contas dele no exterior", disse.
O banqueiro chegou a afirmar que Lacerda tinha como objetivo colocar um "par de algemas" em suas mãos na Operação Satiagraha. "Na época, fiz vários desmentidos à imprensa e fiz carta ao doutor Lacerda. As informações vieram nesta linha e, basicamente, me lembro do termo que dizia que ele ia me botar um par de algemas." Dantas disse que, além da suposta represália de Lacerda, da Operação Satiagraha pode ter sido deflagrada "pelos mesmos participantes que trabalharam para a Telecom Itália para impedir o acordo de venda da Brasil Telecom para a Telemar". "Ficaram as duas versões circulando", disse.
No depoimento à CPI, Dantas insinuou que a Telecom Itália usou homens da PF e da Abin para monitorar o grupo Opportunity --que disputou com a empresa italiana o comando da Brasil Telecom.
Interrupção
O comentário de Dantas sobre a Operação Satiagraha veio depois de ser questionado pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) sobre a informação de que teria recorrido ao chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, para ter acesso a detalhes das investigações da PF. No momento em que o banqueiro começou a afirmar que se apressou para "pedir ajuda" na operação, sem chegar a citar o nome de Carvalho, o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), presidente da CPI, suspendeu os trabalhos da comissão por alguns minutos para que os deputados comparecessem ao plenário da Câmara para votações.