postado em 13/08/2008 19:41
Sob o argumento de falta de provas, o Conselho de Ética da Câmara articula a absolvição do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (PDT-SP) -- acusado de desvio de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social). A reportagem apurou que durante a sessão desta quarta-feira (14/08) vários deputados anteciparam seus votos informando que não há indícios contra o colega.
Por maioria, os deputados aprovaram ainda a prorrogação por mais 90 dias da discussão do processo de Paulinho no Conselho de Ética. Na prática a apresentação da conclusão, que ocorreria em setembro, deverá ser divulgada apenas em meados de dezembro.
Na sessão desta quarta-feira os deputados ouviram o depoimento do delegado da Polícia Federal Rodrigo Levin, que participou das investigações da Operação Santa Tereza. Interlocutores que participaram da sessão contaram que os parlamentares cobravam detalhes do que poderia indicar o envolvimento de Paulinho.
Detalhes
Como o processo corre em segredo de Justiça, segundo deputados, o delegado repetiu que todas as informações estão nos autos. Levin sugeriu que os parlamentares releiam com cuidado o processo no que se refere aos detalhes sobre as organizações não-governamentais e a Prefeitura de Praia Grande (SP).
Apesar das sugestões do delegado, os deputados demonstraram insatisfação com o depoimento do policial. "Nós esperávamos fatos, mas ele não trouxe fatos", disse o presidente do Conselho de Ética, deputado Sérgio Moraes (PTB-RS).
Para o relator Paulo Piau (PMDB-MG), que sugeriu a prorrogação dos prazos do processo de Paulinho, qualquer avaliação agora é precipitada. "Estamos no meio do processo e é prematuro dizer se Paulinho é ou não culpado", afirmou ele.
O delegado prestou quase três horas e meia de depoimento ao conselho. A audiência foi realizada a portas fechadas. Deputados e advogados participaram da sessão.
No próximo dia 3, o relator pretende ouvir os depoimentos algumas testemunhas de defesa, como o advogado Ricardo Tosto, que também é investigado pela PF, e João Pedro de Moura, preso em abril, tratou com representantes do Ministério dos Esportes em nome de Paulinho. No total, deverão ser ouvidas 18 testemunhas de defesa e acusação.
Denúncias
Denunciado por quebra de decoro parlamentar em decorrência de acusações sobre suposto desvio de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), Paulinho teve o nome envolvido durante as investigações da Operação Santa Tereza, da Polícia Federal.
A PF desbaratou uma quadrilha, integrada por empresários e advogados, que supostamente fraudava o BNDES. Paulinho nega todas as acusações. Ontem, após prestar esclarecimentos à Polícia Federal, o deputado reiterou ser inocente e disse que é vítima de "uma grande perseguição" política.
Nesta quarta-feira Paulinho não participou da sessão em que Levin foi ouvido. Mas Leônidas Ribeiro Scholz, um dos advogados do deputado, cobrou informações minuciosas das investigações. Ao final, ele afirmou que o delegado não havia apresentado provas.