postado em 13/08/2008 21:07
Ao invés do silêncio, o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, decidiu revelar detalhes da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, e da negociação para a compra da empresa Brasil Telecom durante depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara. Dantas disse que desistiu de usar o habeas corpus concedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que lhe permitia ficar em silêncio na comissão porque considerou "positivo" o ambiente montado pelos parlamentares.
Ao contrário da postura adotada em seu depoimento à Polícia Federal na semana passada, quando manteve-se em silêncio, Dantas disse que não sentiu entre os parlamentares a vontade de "deturpar" suas informações.
"Na Polícia Federal, eu não tinha o sentimento de que o inquérito tinha o objetivo de averiguar. Tinha o sentimento que aquilo era situação para tentar produzir ou se aproveitar de alguma distorção com ímpeto condenatório", afirmou.
O banqueiro disse que solicitou habeas corpus ao STF porque ficou "preocupado" com a convocação da CPI, mas reverteu o seu sentimento ao chegar à comissão. "Na medida em que o processo aqui foi transcorrendo, [a comissão] disse que tinha intenção verdadeira de apurar os fatos. Ninguém parece ter a intenção de produzir algum erro [no depoimento] para se aproveitar de uma forma injusta", afirmou.
O ministro Joaquim Barbosa, do STF, concedeu o habeas corpus a Dantas com o argumento de que, como testemunha, o banqueiro não precisava revelar informações que pudessem incriminá-lo no processo judicial. A decisão de Barbosa também determinou que Dantas não fosse preso durante depoimento à CPI.
Parede Ao ser questionado se seu apartamento na avenida Vieira Souto, no Rio de Janeiro, teria uma "parede falsa" para ocultar documentos sigilosos, Dantas desafiou a CPI a encontrar qualquer "esconderijo" em sua residência.
"Eu não tenho parede falsa no meu apartamento. Eu tenho um armário. Se alguns de vocês quiserem ir até lá, eu convido para ver que não tem parede falsa nenhuma. Se quiser designar uma comissão para ir lá ver, podem avaliar a parede", ironizou.
Na ação de busca e apreensão da PF no apartamento de Dantas, durante a Operação Satiagraha, a PF teria encontrado uma parede falsa com uma sacola reunindo documentos "secretos" do banqueiro. O material reuniria supostamente itens como planilhas com pagamentos de propina a autoridades e movimentações financeiras em contas ilegais fora do país.