postado em 14/08/2008 15:57
Ao ser questionado se apoiará o prefeito e candidato a reeleição Gilberto Kassab (DEM), com o início da campanha eleitoral na TV, no próximo dia 19, o governador José Serra (PSDB) desconversou e disse que existe muita "fofoca" por parte da imprensa nesse sentido. " A lei [resolução 22.718, do artigo n° 37 do TSE (Tribunal Superior Eleitoral] diz isso e aí? Apoiar quem? Isso é uma pergunta sem sentido, se você me permite".
Além não responder a pergunta, Serra afirma que existe muita "fofoca" por parte da imprensa. "Em vez de fazer campanha, o pessoal fica fazendo fofoca. Alguns órgãos da imprensa, principalmente o Estadão e Jornal da Tarde, compra isso e ficam fazendo fofoca. Eu não vou transformar cada coletiva que eu dou em uma sessão de fofoca, me desculpem". A declaração foi dada durante uma coletiva de imprensa, na abertura da 20ª Bienal do Livro, em São Paulo.
Pela regra do TSE, apenas políticos que façam parte da coligação de um candidato a prefeito podem aparecer nos programas. Como o PSDB possui candidato próprio, Geraldo Alckmin, os tucanos não poderão aparecer na TV com o democrata. No discurso de abertura do evento, Kassab chegou atrasado e se sentou ao lado do secretário estadual da Cultura, João Sayad, e do deputado federal Marcelo Almeida (PMDB/PR). Com a saída do ministro da Cultura, Juca Ferreira do evento, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pulou algumas cadeiras e deixou Kassab e Serra lado a lado.
Apesar de não terem conversado no palanque, quando iniciou o discurso Kassab ressaltou alguns feitos da gestão Serra, como o programa "Minha Biblioteca", continuado por ele na administração municipal. " Esse [Minha Biblioteca] é um programa iniciado pelo governador José Serra que, com a sua inspiração quanto prefeito de São Paulo, faz com que a criança ao longo da sua formação vá montando a sua biblioteca", afirmou. O tucano também demonstrou unidade com o democrata, ao destacar a transferência da Bienal do Centro de Exposições Imigrantes para o Parque do Anhembi (em 2006)." Eu tive a sorte [como prefeito] de abrir a possibilidade que a bienal em vez de ser feita na Imigrantes passasse aqui para o Anhembi, coisa que foi materializada pela gestão do Gilberto Kassab e com a Caio Carvalho que preside a SP Turis". Para Serra, o Anhembi é um lugar "maior, mais bonito e vai dar sorte para nós ultrapassarmos a marca dos 800 mil [visitantes]. Isso é tudo que nós desejamos", finalizou.
Pela manhã, durante uma vistoria às obras de regularização no Jardim Santa Teresinha (na zona leste da capital), Kassab afirmou estar "tranquilo" quanto ao futuro apoio dado por Serra no programa eleitoral. Após as afirmações de Serra, a assessoria de imprensa de Kassab foi procurada e disse que não iria comentar o assunto.
Situação "esdrúxula" Também presente no evento, o secretário municipal da educação, Alexandre Schneider (PSDB), definiu o impasse causado entre os tucanos como uma situação "esdrúxula".
"Todos nós do PSDB estamos em uma situação diferente nesse ano. Nós temos um candidato [Kassab] que é do governo e que aplica a política do PSDB na gestão e temos um candidato do nosso partido. É uma situação nova para todos nós e um tanto quanto esdrúxula, mas ela existe e a gente tem que lidar com ela", afirmou. O secretário disse ainda que está "trabalhando muito" para garantir que o programa do PSDB seja "cumprido".
Scheneider definiu ainda Kassab como sendo um grande "líder" do processo [transição da gestão com Serra], por "manter o programa daquele [Serra] que saiu". " Isso não é comum na política brasileira e merece elogios", afirmou. Para o secretário, Kassab tem grandes chances de ser reeleito com o início da campanha na TV.
Em um eventual segundo turno, Scheneider não descartou a possibilidade de uma união entre os partidos. " Não tem briga. Está todo mundo entendendo, de um lado ou de outro, e num eventual segundo turno todo mundo [tucanos] vai estar junto. Isso que é o importante", finalizou.