postado em 15/08/2008 10:08
Os deputados da CPI dos Cemitérios vão propor ao governo a intervenção imediata do Executivo em todos os cemitérios da capital até o fim das investigações. Por enquanto, a unidade do Gama é a única que está sob a administração do GDF. As demais são dirigidas pela empresa Campo da Esperança Serviços Ltda. A transferência de responsabilidade ocorreu em junho, quando a comissão parlamentar de inquérito descobriu um depósito clandestino de ossos nos fundos do lugar. A outra sugestão, que ainda depende de aprovação entre os integrantes da comissão parlamentar de inquérito, é a que cria uma funerária pública no DF. O assunto foi discutido ontem pela manhã durante reunião da CPI.
O argumento dos parlamentares é de que a Campo da Esperança continua a descumprir regras do convênio assinado com o Executivo mesmo após a série de denúncias reveladas no primeiro semestre do ano, quando a CPI realizou inspeções nos cemitérios. ;Recebemos reclamações de que irregularidades descobertas durante as investigações no semestre passado ainda não foram solucionadas e que em alguns casos há reincidência;, justifica o presidente da comissão, Rogério Ulysses (PSB).
A falta de identificação de túmulos e a má conservação dos cemitérios são citados entre os problemas que persistem. A idéia de criar uma funerária do governo partiu do deputado José Antônio Reguffe (PDT). O distrital defende que a medida ajudará a regular os preços e a controlar a qualidade do serviço prestado pela iniciativa privada. A funerária pública teria uma matriz e filiais em todas as cidades, o que não eliminaria as empresas particulares.
Depoimentos
A CPI dos Cemitérios ouviu nesta quinta-feira (14/08) o depoimento de Jurandi Alves Feitoza, proprietário da marcenaria onde foram encontrados 33 caixões usados em Santa Maria. As urnas seriam reformadas e a desconfiança dos deputados e da própria polícia é que as mesmas voltariam a ser vendidas como se fossem novas. Os parlamentares já conheciam a versão do marceneiro. Jurandi reafirmou o que disse quando esteve pela primeira vez na Câmara Legislativa: ;Não sabia que eram caixões usados, se soubesse não teria aceitado o serviço;.
O que chamou a atenção dos distritais foram as declarações de Overlando Fagundes, que transportou os caixões até a marcenaria. Uma das revelações foi que Fagundes teria pedido proteção do empresário Isnair Moraes ; apontado pelos deputados como um dos possíveis donos do carregamento de urnas usadas ; no momento em que as transportava. A medida seria uma precaução, caso a polícia abordasse o veículo. Na interpretação dos parlamentares, a versão demonstra que os envolvidos sabiam que estavam envolvidos em algo irregular.