postado em 17/08/2008 16:52
O grande diferencial desta pesquisa está na investigação sobre o grau de preocupação do eleitor do Recife quanto à violência e sobre quem seriam os responsáveis pelo combate à criminalidade que atormenta cidadãos de todas as classes sociais. O instituto DiarioData Associados apurou que oito entre dez eleitores têm a sensação de que houve aumento da violência nos últimos doze meses (85% dos entrevistados). O estudo, realizado com 1.100 pessoas entre os dias 11 e 12 de agosto, revela ainda que a maioria dos recifenses se sente insegura no uso dos espaços públicos. Um total de 43% da população votante da capital de Pernambuco classifica a segurança como o principal problema da cidade. O desemprego surge em segundo lugar, com 17%. Em terceiro, a saúde (15%).
Para o eleitor, no entanto, cabe sobretudo aos governos estadual e federal a redução dos números que fizeram do Recife a capital com maior taxa de homicídios do Brasil, como afirma o "Mapa da Violência dos Municípios 2008" - da Rede de Informação TecnológicaLatino-Americana (Ritla) em parceria com os ministérios da Saúde e da Justiça. O governo municipal é mencionado como o maior responsável por 12% dos entrevistados. No entendimento da maioria (39%) da população, as soluções para o problema devem vir do estado. Para outros 31%, compete à União. "É um dado interessante. Mostra que a população está atenta e tem clareza sobre as atribuições de cada gestor", diz o coordenador do instituto, o cientista político Adriano Cerqueira. Para ele, o resultado da pesquisa indica também que o eleitor não aguarda providências diretas do prefeito para resolver o problema da insegurança. Pode esperar parcerias importantes com os outros governos. "É preciso cuidado dessa questão. Porque se um candidato aparece propondo soluções, tipo a intervenção de guardas municipais, pode ser rotulado como demagogo. É algo para cada um pensar", sugere.
Onde é pior - O cidadão do Recife não sabe, ao certo, quando a violência começou a crescer desaceleradamente nem como ou onde vai parar. Mas percebe que houve um agravamento da insegurança. Segundo 53% dos entrevistados, a criminalidade "aumentou muito" desde 1996. Para 32%, a definição foi a de que "aumentou"; e para 11% "nem aumentou e nem diminuiu". Outros 3% acreditam que a quantidade de crimes praticados
"diminuiu". Não chegou a 1% a quantidade de pessoas que diz ter "diminuído muito". Em todos os cenários averiguados pela pesquisa, a maioria dos estrevistados afirmou se sentir de "insegura a muito insegura" no uso das calçadas do bairro, da praia ou de veículos de transportes urbanos.
Andar a pé no centro da cidade à noite é indicado como o local mais perigoso, na visão do recifense. Um total de 94% afirmaram se sentir "inseguros" ou "muito inseguros" nessa circunstância. Em seguida, aparece a opção "andar na orla da praia à noite", uma sensação que é partilhada por 89% dos entrevistadas. O local menos temido pelos eleitores é o próprio bairro. E mesmo assim o percentual não é confortante: o equivalente a 59% dizem se sentir inseguros ao andar a pé no bairro durante o dia. "A segurança é prioridade em todas as grandes metrópoles. Mas Recife tem agravantes. Parece um problema de maior dimensão. E as pessoas sentem isso no dia-a-dia", considera Adriano Cerqueira.