Politica

Diretor da Abin desmente Dantas e nega ter articulado Satiagraha para prejudicar banqueiro

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postado em 20/08/2008 16:34
O diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, rebateu nesta quarta-feira (20/08) as acusações do banqueiro Daniel Dantas de que teria articulado a Operação Satiagraha, da Polícia Federal, em represália à divulgação de um suposto dossiê com informações de supostas contas suas no exterior. O diretor da Abin disse que as acusações do banqueiro foram montadas por seus advogados numa "brilhante" estratégia de defesa. "Eu acho que isso só pode ser tese de brilhantes advogados que ele tem. Talvez a única que justifique tentar mudar o foco das investigações [da CPI dos Grampos]. Ninguém mais está aqui discutindo questões de mérito sobre essas investigações. Estamos discutindo os investigadores. Parabéns para os advogados que lhe orientaram nesse sentido, mas eu não o conheço. Nunca tive nada contra, nem a favor", disse. No depoimento à CPI, Dantas disse que Lacerda agiu em "retaliação" à publicação de uma reportagem com informações de que o diretor da Abin teria contas irregulares no exterior -- o que teria sido revelado por Dantas a uma revista. Antes de ser nomeado diretor-geral da Abin, Lacerda estava no comando da PF em 2004, quando as investigações da Operação Satiagraha começaram. Lacerda afirmou que conhece Dantas apenas da mídia, sem nunca tê-lo visto pessoalmente. O diretor da Abin confirmou à CPI que a Polícia Federal encontrou indícios do envolvimento de Dantas com escutas clandestinas, uma vez que o banqueiro acabou indiciado por duas vezes pela PF. "O que eu posso dizer é que houve investigações da Polícia Federal, e elas de certo modo são públicas, que apontaram indícios de participação desse senhor em algumas dessas questões. Uma delas foi a Operação Chacal, da Polícia Federal. É lógico que vivemos no Estado Democrático de Direito onde a presunção de inocência deve ser assegurada. O que posso dizer é que, nesses dois casos, surgiram elementos que o apontam como envolvido", disse. Lacerda explicou que as investigações da PF sobre supostas ações da empresa Kroll para escutas clandestinas no país, que teriam ligação com Dantas, tiveram início após a ramificação da operação que apurou irregularidades na empresa Parmalat. "Começaram a surgir documentos que evidenciavam relatórios desta empresa [Kroll] envolvendo autoridades do governo. Examinamos e eu sugeri: vamos abrir inquérito específico. Proponha que a gente desentranhe da apuração Parmalat e abra investigação para apurar especificamente esse tipo de situação [grampos] que está a denotar uma ação clandestina de empresa monitorando autoridades públicas. Aí foi aberta investigação que culminou na Operação Chacal." *Acusações* No depoimento à CPI, Dantas chegou a afirmar que Lacerda tinha como objetivo colocar um "par de algemas" em suas mãos na Operação Satiagraha. "Na época, fiz vários desmentidos à imprensa e fiz carta ao doutor Lacerda. As informações vieram nesta linha e, basicamente, me lembro do termo que dizia que ele ia me botar um par de algemas", disse o banqueiro. Dantas afirmou que, além da suposta represália de Lacerda, da Operação Satiagraha pode ter sido deflagrada "pelos mesmos participantes que trabalharam para a Telecom Itália para impedir o acordo de venda da Brasil Telecom para a Telemar". "Ficaram as duas versões circulando", disse.

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