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Paulo Lacerda admite atuação da Abin nas investigações da operação Satiagraha

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postado em 21/08/2008 10:20
O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, admitiu nesta quarta-feira (20/08), em depoimento à CPI dos Grampos, que agentes do órgão atuaram desde fevereiro nas investigações da Operação Satiagraha, deflagrada mês passado pela Polícia Federal. Segundo Lacerda, o delegado Protógenes Queiroz, responsável pela primeira fase da operação, requisitou à Abin servidores para ajudar na investigação. A operação teve aquiescência da cúpula da agência. A Polícia Federal confirmou, por meio de sua assessoria, que Protógenes não pediu ao seu superior hierárquico, o diretor de Inteligência Policial do órgão, Daniel Lorenz, a participação de agentes da corporação. Em seu depoimento, Lacerda disse que em março tomou conhecimento do pedido do delegado da PF pelo diretor-geral adjunto da Abin, Milton Campana. Na época, segundo ele, a cessão dos servidores já havia sido feita pela agência. O chefe da Abin afirmou que o trabalho dos agentes na operação restringiu-se a ;informações menores;, como consulta a dados cadastrais de pessoas e empresas. Ele contou que um oficial da Abin fazia contatos sobre as investigações com equipes da PF chefiadas por Protógenes na própria sede da polícia e numa segunda repartição, no Setor Sudoeste. ;Isso não foi nenhuma coisa escondida;, declarou. Lacerda disse que tal auxílio tinha respaldo legal, mas parlamentares discordaram dessa posição. ;A atuação da agência nesse caso foi totalmente irregular e ilegal;, afirmou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). ;O que a Abin faz: segurança de Estado ou policiamento?;, questionou Gustavo Fruet (PSDB-PR). Ouça a opinião do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) obre o depoimento do diretor da Abin à CPI dos Grampos Tese de advogado Lacerda rebateu a acusação, feita pelo banqueiro Daniel Dantas na semana passada, de que foi o atual chefe da Abin quem articulou a Operação Satiagraha, que levou Dantas duas vezes para a prisão. Com ironia, o chefe da Abin disse que essa foi uma tese dos ;brilhantes advogados; do banqueiro. No depoimento, o ex-chefe da PF sugeriu que possa ter havido escutas clandestinas feitas por Dantas e pela empresa Kroll ; acusação negada por ambos. ;Eu não posso afirmar que exista. As investigações os apontam como envolvidos nessas práticas. Ao final a Justiça dirá se procedem ou não esses indícios;, disse. O chefe da Abin afirmou que jamais conversou com o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, sobre a operação: ;Em momento nenhum eu conversei com o secretário Gilberto Carvalho. Ele não me ligou e eu não tive contato com ele;. Lacerda afirmou que foi o secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional, general José Roberto de Oliveira, quem falou por telefone com o diretor adjunto da corporação, Milton Campana. Ouça o comentário do deputado Raul Jungmann (PPS-PE) sobre o depoimento do diretor da Abin à CPI dos Grampos

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