postado em 22/08/2008 17:02
Rio de Janeiro - O desembargador Alberto Motta Moraes, vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), reconheceu que o Estado do Rio passa por momentos difíceis na campanha política. Em entrevista concedida à rádio CBN, na manhã desta sexta-feira (22/08), o desembargador comentou que a eleição deste ano deve ser mais perigosa que última.
"Dentro da nossa cidade o clima é este (de violência). O que antigamente se discutia com troca de palavras, depois passou a troca de socos e hoje é a troca de tiros. A eleição é um componente a mais a acirrar paixões, a renascer inimizades e as disputas são muito apaixonadas", disse. "É realmente preocupante a situação. Nós temos prova de que já aconteceu tentativa de homicídio por causa da eleição. Essa eleição vai ser, em princípio, muito mais perigosa que a última", completou ele, acrescentando que os currais eleitorais voltaram a se desenvolver não só no interior do estado, mas também na capital.
O desembargador afirmou que a Justiça vem enfrentado dificuldade para atuar no Rio, em Niterói, São Gonçalo, Magé e Macaé. Ele próprio presenciou uma caso, em Niterói, durante uma diligência da coordenadoria de fiscalização.
"Vi quando duas pessoas abordaram os fiscais porque elas haviam sido obrigadas por pessoas armadas a colocar propaganda no terreno deles. Infelizmente não pudemos atender porque não tínhamos um efetivo policial que nos desse segurança. Só podemos fazer a fiscalização acompanhados da polícia e, mesmo assim, o TRE tem evitado entrar nesses locais porque os policiais dizem que se entrarem vai haver confronto."
Motta Moraes lamentou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que permite aos candidatos que respondem a processos na Justiça, os chamados candidatos de ficha suja, a disputar as eleições enquanto as sentenças não tiverem transitado em julgado, ou seja, enquanto não houver condição definitiva, sem recurso. Por conta disso, ele reconheceu que criminosos acabam chegando ao poder.
"Já há algum tempo o crime organizado se infiltra no Legislativo e em outros setores. Temos essas informações há mais de dez anos, tanto que é nos vemos nas Casas Legislativas do Brasil pessoas com as qualidades que a imprensa noticia", afirmou.
O desembargador esboçou ainda preocupação tanto com os eleitores quanto com as pessoas convocadas para trabalhar em seções eleitorais em áreas consideradas de risco. Na quinta-feira, o presidente do TRE-RJ, Roberto Wider, esteve com o presidente do TSE, ministro Ayres de Brito, para apresentar um mapa com os pontos no estado do Rio que precisam de atenção redobrada.