Politica

Índio candidato é morto no sertão pernambucano

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postado em 25/08/2008 12:10
Um dos líderes indígenas do povo Truká em Cabrobó, município do sertão pernambucano, foi assassinado por volta das 17h30 deste sábado (23/08). Mozeni Araújo de Sá tinha 36 anos, era ex-vereador e candidato novamente a uma vaga na Câmara Municipal. Ele foi morto em frente ao comitê eleitoral, no centro da cidade. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a vítima estava acompanhada por outros indígenas e pelo filho de 13 anos, quando foi morto com tiros na cabeça. O delegado da Polícia Civil Emanuel Luciano Caldas suspeita de crime político, briga por terras ou vingança. Maurício Ricardo Alexandre da Silva, 36, foi preso logo depois e autuado em flagrante pelo homicídio. Ele foi levado para o Presídio de Salgueiro. Mozeni foi velado na casa dele, que fica na Ilha da Assunção. Hoje, o corpo será levado para a Câmara e, em seguida, enterrado no cemitério de Cabrobó. O líder Truká era candidato pelo PT e tinha grandes chances de ser eleito, segundo o Cimi e o chefe de posto da Fundação Nacional do Índio (Funai) nacidade, Florentino Ferraz. Segundo Emanuel Caldas, Maurício Ricardo efetuou o primeiro tiro pelas costas. Ele teria dito à polícia que estava com nove munições e que todas tinham sido disparadas. O suspeito foi preso porque um PM à paisana e um agente da Polícia Federal passavam pelo local. Maurício tentou fugir e chegou a atirar contra os agentes. Segundo o delegado, o suspeito disse à polícia que foi agredido por Mozeni há cerca de 10 anos durante um movimento chamado "retomada" e teria cometido o crime por vingança. Segundo carta do Cimi enviada à imprensa, em 1994, Mozeni participou do processo de expulsão dos "invasores do território tradicional Truká", que tem 6,5 mil hectares e está localizado na Ilha da Assunção. Esse episódio ficou conhecido como "retomada". Desde então, a violência contra os Truká teria se intensificado. O caso foi registrado na delegacia da cidade, mas a Polícia Federal também está na investigação. Hoje a Funai irá solicitar à Secretaria de Defesa Social que seja designado um delegado especial da Polícia Civil para participar da apuração dos fatos.

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